domingo, 21 de março de 2010

terapia cognitiva

Resumo
Uma das características fundamentais da terapia cognitivo-comportamental, segundo seus
idealizadores, é o fato de basear-se em uma formulação clínica dos problemas do cliente. Isto significa
que, mediante entrevistas e instrumentos de avaliação e medida, o terapeuta buscará integrar a história
do cliente e seus problemas atuais de uma forma diferenciada, que lhe permitirá desenvolver
estratégias específicas para lidar com as dificuldades apresentadas na busca de ajuda psicológica.
Além disso, o estabelecimento de uma boa relação interpessoal e terapêutica depende, em grande
parte, de uma compreensão empática e acurada dos problemas do cliente. É sobre esta forma
diferenciada de compreender o funcionamento do indivíduo que trata este artigo, que se inicia por uma
breve revisão dos aspectos teórico-clínicos da terapia cognitivo-comportamental e segue indicando
como desenvolver uma formulação adequada, que instrumentos estão disponíveis ao terapeuta e quais
são utilizados mais freqüentemente. Conclui-se que uma formulação adequada é essencial para o
sucesso terapêutico.
Palavras-chave: terapia cognitivo-comportamental; formulação de caso; psicodiagnóstico.
Abstract
Evaluation and diagnosis in cognitive-behavioral therapy
One of the main characteristics of cognitive-behavior therapy is that it is based on a specific clinical
formulation of the case. This means that the therapist, using interviews and inventories, in a particular
way, needs to understand and integrate the history of his/her client and his/her current problems.
Clinical strategies can be then tailored to deal with the client’s difficulties. The establishment of
adequate and warm interpersonal and therapeutical relationship depends greatly on this empathic and
accurate understanding of the client’s problems. The present article intends to present this approach to
case formulation based on a cognitive-behavior perspective. It also includes a brief review of
theoretic-clinical aspects, assessment tools and suggested procedures. The conclusion is that an
adequate formulation is essential to success in psychotherapy.
Keywords: cognitive-behavior therapy; case formulation; psychodiagnosis.
Kirk & Klark, 1989; Ellis, 2001; Freeman, 2001;
Considerações teórico-clínicas da terapia
Rangé, 2001) usam o termo Terapia Cognitivo-
cognitivo-comportamental.
Desde a revolução cognitiva ocorrida na psicologia
Comporta-mental para se referirem a cada uma delas
na década de 60, diferentes teóricos ou
ou de forma geral. Portanto, estaremos usando
psicoterapeutas passaram a incluir a cognição em seus
diferentes referências de trabalhos que sejam, de
trabalhos, segundo suas próprias perspectivas. Várias
algum modo, considerados cognitivistas.
de
psicoterapia
que
compartilham
A característica mais marcante está na ênfase dada
pressupostos comuns em relação à mediação da
aos processos cognitivos sobre os outros quatro
cognição, sua acessibilidade e influência sobre o
elementos geralmente abordados pelas psicoterapias:
comportamento passaram a ser consideradas como
o ambiente (incluindo história de vida), a biologia, os
terapias cognitivo-comportamen-tais (Dobson &
afetos/emoções e o comportamento. Isto não quer
Block, 1988). Dentre elas, a Terapia Cognitiva de
dizer que os pensamentos sejam mais determinantes
Aaron Beck, a Terapia Racional Emotiva
dos distúrbios psicopatológicos que os outros quatro
Comportamental de Albert Ellis, a Psicoterapia
aspectos acima mencionados, mas sim, que, através da
Estrutural de Guidano e Liotti, entre outras, têm se
modificação de padrões cognitivos distorcidos ou
destacado significantemente ao longo dos anos.
disfuncionais, podemos alterar os outros quatro e,
Artigos de variados autores (Hawton, Salkoviskis,
conseqüentemente, obter uma melhora global do
Avaliação e diagnóstico em terapia cognitivo-comportamental
funcionamento de um indivíduo (Dattilio & Freeman,
Especificamente quanto à formulação, em um de
seus mais recentes trabalhos, Beck e Alford (2000)
A terapia cognitiva de Beck caracteriza-se por ser
apontam para a importância desta na terapia como
uma abordagem psicoterapêutica estruturada, de
sendo a base para, compreendendo os conceitos
participação ativa entre terapeuta e cliente, voltada
pessoais que são ativados em determinadas situações
para o presente, que se baseia no Modelo Cognitivo e
que levam o indivíduo a se comportar de maneira
utilização
de
técnicas
específicas,
maladaptativa ou disfuncional, fornecer estratégias
predominantemente cognitivas e comportamentais,
para corrigir esses conceitos. Sem esta formulação o
que visam à modificação dos padrões de pensamentos
trabalho terapêutico torna-se vago e impreciso, sem
e crenças disfuncionais que causam ou mantêm
saber exatamente para que e para onde se direcionar.
sofrimento emocional e/ou distúrbios psicológicos no
Freeman (1998) chega mesmo a afirmar que a
indivíduo. Fundamenta-se no pressuposto de que as
habilidade mais importante do psicoterapeuta é a
emoções, comportamentos e reações fisiológicas estão
capacidade para desenvolver conceituações de
diretamente ligados à forma como o indivíduo avalia
tratamento, uma vez que, mesmo com a utilização de
suas experiências no mundo (Beck, Rush, Shaw &
técnicas e instrumentos de terapia cognitiva, sem a
Emery, 1979). Ou seja, o modo como as pessoas
formulação o objetivo se perde. Devido à importância
interpretam as situações será determinante da maneira
deste aspecto para a prática eficaz da terapia
como ela irá se sentir, afetiva e fisiologicamente, e de
cognitivo-compor-tamental, a seguir é apresentada
como ela irá se comportar (Shinohara, Figueiredo &
uma discussão sobre formulação de casos clínicos.
Brasileiro, 1999).
Segundo o modelo cognitivo, é possível identificar
2. Por que a formulação é fundamental?
três níveis de cognição: os pensamentos automáticos,
Segundo Turkat (1985), quando se procura saber
nível mais superficial e espontâneo que surge na
sobre eficácia e resolutividade em psicoterapia ou em
mente diante de diversas situações do cotidiano; as
intervenções psicológicas na literatura disponível,
crenças intermediárias, onde conteúdos cognitivos
encontra-se uma grande dificuldade: não há consenso
aparecem sob a forma de regras e suposições ligadas
sobre se a psicoterapia é eficaz, ou não, na resolução
ao nível mais profundo, que são as crenças centrais a
de distúrbios de comportamento e emocionais nos
respeito de si mesmo, dos outros e do mundo, que se
seres humanos. No entanto, Lambert (2002) afirma
formam a partir de experiências remotas da infância
que a efetividade da psicoterapia tem sido objeto de
(Beck, 1997). Alguns princípios são norteadores da
inúmeros estudos científicos e os resultados mais
terapia cognitivo-comportamental como um todo,
atualizados apontam para sua indiscutível eficácia. A
ressalvando-se que esta seja adaptável a cada
despeito das diferenças, o que importa é que muito
indivíduo particularmente. Dentre eles o de que a
tem sido discutido sobre processos terapêuticos, que
terapia deve basear-se em uma formulação contínua do
acabam ressaltando a importância de cada uma das
funcionamento do cliente em termos que valorizem a
atividades que caracterizam a psicoterapia.
relação entre situações – pensamentos – emoções –
Recentemente, parece existir uma tendência à
comportamentos. Além disso, toda a terapia deve
integração de diversos pontos de vista em
assegurar uma boa relação terapêutica, que inclui,
atendimentos psicológicos que visam aumentar a
entre outros aspectos, a capacidade empática do
consistência e abrangência dos tratamentos como
terapeuta, uma postura de respeito, interesse e
podemos encontrar nos trabalhos de Beck e Alford
compreensão dos problemas trazidos pelo cliente para
(2000), Rangé e Silvares (2001) e Shinohara (2001).
que esse possa sentir-se acolhido e atendido em suas
Mas o que isso tem a ver com formulação de
necessidades. A partir do estabelecimento desta
casos? Simplesmente porque, em havendo uma boa
relação, busca-se a colaboração e participação ativa do
compreensão do fenômeno que está sendo
cliente e do terapeuta na resolução dos problemas
apresentado, torna-se muito mais fácil o planejamento
abordados através de metas voltadas para o aqui-e-
de estratégias para atingir determinados objetivos. Em
agora e para a identificação, avaliação e modificação
outras palavras, somente através do desenvolvimento
de pensamentos e crenças disfuncionais. Para atingir
de uma boa formulação da situação ou problemas
tais objetivos são utilizadas técnicas cognitivo-
trazidos para terapia, é que se podem planejar
comportamentais, principalmente o registro de
procedimentos efetivos para alcançar as mudanças
pensamentos, o questionamento socrático e os
desejadas e, conseqüentemente, ficará mais fácil
experimentos comportamentais (Greenberger &
avaliar se um determinado tipo de intervenção
Padesky, 1999).
psicológica é uma terapêutica realmente eficaz ou não.
Interação em Psicologia, jan./jun. 2002, (6)1, p. 37-43
3
Avaliação e diagnóstico em terapia cognitivo-comportamental
Uma formulação de caso é uma teoria sobre o
Segundo Wolpe e Turkat (1985), Beck (1997) e
cliente que busca relacionar as dificuldades que ele
Freeman (1998), o terapeuta deve procurar formas de,
apresenta de forma clara e significativa, integrando-as
durante as entrevistas iniciais, poder ir identificando
isoladamente e entre si. Procura compreender como o
ou, pelo menos, levantando hipóteses sobre quais são
indivíduo desenvolveu e mantém tais dificuldades, e
os problemas atuais, como se desenvolveram e como
como ele provavelmente se comportará no futuro
são mantidos; que pensamentos e crenças
diante de determinadas condições. Finalmente,
disfuncionais estão associados a estas situações e
permite, através de uma visão ampla do
quais são as reações emocionais, fisiológicas e
funcionamento do cliente, planejar intervenções que
comportamentais relacionadas ao pensamento; que
possibilitem as mudanças necessárias e desejadas.
experiências passadas contribuem para seu problema
Além disso, o processo de avaliação e formulação do
atual; que regras ou suposições podem estar
caso do cliente permite o estabelecimento de uma
subjacentes ao pensamento; que estratégias –
relação terapêutica positiva e uma maior adesão dele
cognitivas, afetivas e comportamentais – têm sido
ao tratamento (Rangé & Silvares, 2001).
utilizadas para lidar com as crenças disfuncionais; e
Sendo assim, pode-se concluir que, de uma boa
que eventos estressores contribuíram para o
compreensão dos fatores que causam e/ou mantêm
surgimento do problema ou inibiram o funcionamento
distúrbios psicológicos, depende o planejamento de
das estratégias adaptativas.
intervenções clínicas efetivas e individualizadas para
Beck (1997) sugere ainda uma forma resumida de
cada sujeito, uma vez que cada um possui uma
formulação, um diagrama de conceituação cognitiva,
história de experiências e aprendizagens única, e que,
onde o terapeuta pode organizar estas questões de
por isso, não pode haver uma receita ou fórmula
forma a reunir dados sobre as situações-problema
terapêutica que sirva para todos indiscriminadamente,
típicas vivenciadas pelo cliente, seus pensamentos
mas sim, uma adaptação do conhecimento científico à
automáticos, emoções e comportamentos, além de
história pessoal de cada um. Para tanto, torna-se
estratégias comportamentais, crenças intermédiárias,
necessário estar atento aos requisitos fundamentais de
crenças centrais e dados relevantes da infância que,
formulação
e
como
desenvolvê-la
juntos, integram uma espécie de “mapa cognitivo da
adequadamente.
psicopatologia do cliente”. Este diagrama é muito útil
na prática clínica por ser de fácil compreensão, não só
para o terapeuta como também para o cliente, além de
3. Como desenvolver uma formulação cognitivo-
poder ser utilizado como instrumento didático para o
comportamental?
O processo de coleta de dados a respeito de uma
cliente entender melhor o modelo cognitivo e a
pessoa inicia-se normalmente com uma série de
compreensão de suas dificuldades sob este ponto de
entrevistas posteriormente complementadas com
vista.
instrumentos padronizados de avaliação e medida,
A partir dos registros de pensamentos automáticos
relacionados mais adiante neste artigo.
trazidos pelo cliente, discute-se a relação dos mesmos
Na formulação de casos infantis o terapeuta usa
com crenças de nível mais profundo, através de
como referencial o mesmo modelo dos adultos,
perguntas sobre seus significados. Todos os dados
embora haja diferenças importantes na condução das
levantados durante as entrevistas serão aqui inter-
entrevistas, como entrevistar necessariamente adultos
relacionados. Encontram-se no diagrama a seguir as
significativos, e na escolha das técnicas diagnósticas,
perguntas básicas que o terapeuta faz a si mesmo para
como o uso de material lúdico. Detalhes podem ser
preenchê-lo.
encontrados em bibliografia específica sobre
formulação de casos infantis (ver Rangé & Silvares,
2001; Reinecke, Dattilio & Freeman, 1999).
Interação em Psicologia, jan./jun. 2002, (6)1, p. 37-43
Avaliação e diagnóstico em terapia cognitivo-comportamental
Diagrama de Conceituação Cognitiva
(Beck, 1997)
Dados relevantes da infância
Que experiências contribuíram para o desenvolvimento
e manutenção da crença central?
Crença Central
Qual é a crença mais central sobre si mesmo?
Crenças Condicionais
Que suposição positiva o ajudou a lidar com a crença central?
Qual é a contraparte negativa para essa suposição?
Estratégias Comportamentais
Que comportamentos o ajudam a lidar com a crença?
Situação 1
Situação 2
Situação 3
Qual foi a situação problemática?
PensamentosAutomáticos
Pensamentos Automáticos
Pensamentos Automáticos
O que passou por sua cabeça?
Significado
Significado
Significado
O que o pensamento automático
significou para ele?
Emoção
Emoção
Emoção
Que emoção esteve associada
ao pensamento?
Comportamento
Comportamento
Comportamento
O que o cliente fez então?
para orientar os terapeutas cognitivo-comportamentais
4. Estrutura sugerida para a formulação de caso
Com o intuito de integrar os aspectos discutidos
em formulação de casos. Esta estrutura sugerida está
por diferentes autores e expostos anteriormente,
baseada em experiências de prática clínica e de
propõe-se, a seguir, diretrizes que podem ser úteis
supervisão em clínica-escola.
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5
Avaliação e diagnóstico em terapia cognitivo-comportamental
• Identificação do Cliente
angustiada e disfórica a cada vez que tem que
• História de Vida
amamentar ou dar banho no bebê (situações
• Lista de Problemas
ativadoras/incidentes críticos).
• Fatores Precipitantes e Situações Ativadoras
A partir da lista de problemas, fatores precipitantes
• Crenças Centrais e Intermediárias
e situações ativadoras, o terapeuta vai procurar inferir
• Origem e Desenvolvimento das Crenças
que tipos de crenças intermediárias e centrais estão
• Medidas Padronizadas e Complementares
embasando as interpretações e comportamentos
• Hipóteses Diagnósticas e de Trabalho
apresentados. Lembrando que as crenças centrais são
• Metas e Intervenções
idéias mais rígidas e globais a respeito do self, dos
A primeira etapa da formulação é a identificação
outros e do mundo e normalmente se repetem em
do cliente. Nome completo, idade, data de
significado atribuído às situações-problema trazidas
nascimento, naturalidade, sexo, estado civil,
pelo cliente. Por exemplo: “Sou incapaz.”; “Os outros
dependentes, grau de escolaridade, ocupação
são muito críticos e exigentes.”; “O mundo é difícil.”
profissional, religião, endereço e telefone são alguns
Já as crenças intermediárias são regras ou suposições
dos dados a serem dispostos nesta parte. Algumas
do tipo “Se…, então…” que ajudam o sujeito a lidar
informações podem parecer irrelevantes num primeiro
com suas crenças centrais negativas. Exemplificando,
momento, mas podem ser úteis no decorrer da terapia
“Se eu me esforçar bastante, os outros não perceberão
ou mesmo no caso de outro profissional acompanhar o
que sou incapaz.” ou “Se eu falhar ou não me esforçar
cliente. Além destas, outras podem ser acrescentadas a
o suficiente, todos saberão que sou incapaz.”
critério do profissional que estiver fazendo a avaliação.
Identificadas as crenças, procura-se entender quais
Em seguida, o terapeuta buscará organizar, de
as origens das mesmas e como elas se desenvolveram
forma sucinta, uma história da vida do cliente. Como
ao longo do tempo. Nesta seção, o terapeuta descreve
foi seu desenvolvimento, quais as experiências
brevemente alguns incidentes ou circunstâncias do
infantis mais relevantes, aspectos da juventude,
passado remoto do cliente que parecem ter sido
questões atuais, relacionamentos etc.
responsáveis pelo desenvolvimento das crenças
Durante a(s) entrevista(s) inicial(is) o terapeuta
centrais disfuncionais. Especial ênfase neste aspecto
visa identificar as questões e problemas trazidos pelo
se deve ao fato de que as crenças centrais são
cliente de modo a relaciona-los a situações em que
moldadas por experiências marcantes da infância,
ocorrem, o que ele pensa, o que sente e o que faz a
particularmente experiências com os pais e pessoas
respeito da situação-problema. Isso é feito para cada
próximas (Shinohara, 2000). Comportamentos
uma das queixas do cliente, gerando uma lista de
modelados e fracasso na aprendizagem de habilidades
problemas. Esta lista deve buscar ser o mais completa
importantes também podem ser incluídos nesta seção.
possível, incluindo não somente problemas de ordem
Por exemplo, um cliente que foi criado por um pai
psicológica como também problemas interpessoais,
exigente e crítico e por uma mãe passiva e submissa
psicossociais, trabalhistas, financeiros, jurídicos e
pode achar difícil expressar suas próprias opiniões, já
médicos, de um modo geral. É muito importante
que não possuiu um modelo apropriado de
ressaltar que o indivíduo que busca ajuda psicológica,
assertividade enquanto crescia (Tompkins, 1997).
quanto mais integralmente puder ser compreendido,
Para complementar as informações obtidas na
mais benefício poderá obter para sua saúde e
entrevista, os terapeutas cognitivo-comportamentais
qualidade de vida como um todo.
costumam utilizar uma série de instrumentos de
O quarto item da formulação é uma avaliação de
registro, avaliação e medida padronizados que
fatores precipitantes e situações ativadoras dos
auxiliam na compreensão do grau de dificuldade do
problemas listados. Isto quer dizer que devem ser
cliente em determinadas áreas e também servem para
identificados quais os estressores (positivos ou
monitorar o progresso do cliente ao longo do
negativos) que ativam as crenças – fatores
tratamento. Dentre eles, o mais amplamente utilizado
precipitantes – e que situações do dia-a-dia ativam o
na prática clínica, tanto como auxiliar diagnóstico
comportamento, emoção ou pensamento disfuncional
quanto como instrumento terapêutico e educativo, é o
– situações ativadoras. Freeman (1998) utiliza o termo
Registro de Pensamentos ou de Auto-Monitoria
“incidente crítico” para denominar a situação ou
(Greenberger & Padesky, 1999). Através deste tipo de
evento que o cliente ou outras pessoas significantes
registro é possível identificar quais as situações que
para o mesmo considerem como indicativo dos
ativam no cliente determinadas emoções e
problemas apresentados. Por exemplo: uma mulher
pensamentos disfuncionais e como reavaliá-los,
apresenta como situação-pro-blema dificuldades em
reestruturando-os em concepções mais adaptativas
lidar com o filho recém-nascido. Relata que, após o
para o cliente. Igualmente muito utilizados também
nascimento do filho (fator precipitante), sente-se
estão os inventários mais gerais de ansiedade e
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Avaliação e diagnóstico em terapia cognitivo-comportamental
depressão, com destaque para os Inventários Beck de
tratamento baseado na formulação, monitoração dos
Depressão – BDI (Beck, Ward, Mendelson, Mock &
resultados e revisão da formulação baseada nos
Erbaugh, 1961) e de Ansiedade – BAI (Beck & Steer,
resultados – é a marca da formulação de caso
1990), que são valiosos na conceitualização de vários
cognitivo-comportamental, na qual o tratamento é
transtornos de humor e de ansiedade. Os instrumentos
visto como um caso único de estudo empírico (Barlow
citados acima são do tipo auto-relato, ou seja,
e cols., 1984 apud Tompkins, 1997).
preenchidos pelo cliente. Para avaliação do terapeuta,
encontramos a Escala Hamilton para Avaliação de
5. Considerações finais
Depressão – HRSD (Hamilton, 1960) e a Escala de
A formulação pode ser utilizada, entre outras
Ansiedade de Hamilton – HAS (Hamilton, 1959).
coisas, para assegurar colaboração, selecionar pontos
Como auxiliar no diagnóstico de transtornos mais
de intervenção e orientar o inquérito, selecionar
específicos, destacam-se os seguintes instrumentos:
estratégias de intervenção e tarefas de casa, garantir a
Fear of Negative Evaluation – FNE (Watson &
cooperação do cliente e prever obstáculos ao
Friend, 1969) para Ansiedade Generalizada e Fobia
tratamento (Beck, 1997).
Social; Inventário de Assertividade (Gambrill &
Uma vez estruturada a formulação, é muito
Richey, 1975) para avaliar Habilidades Sociais; Diário
importante ressaltar que ela não está fechada. Ela será
de Pânico (Clark & Salkovisks, 1987, citados por
vista e revista ao longo da terapia com o cliente, que é
Botella & Ballester, 1995) para medir a freqüência,
convidado a comentar, avaliar, confirmar ou refutar
intensidade, duração e sensações fisiológicas
vários aspectos da formulação (Turkat, 1985). Ela não
presentes em um ataque de pânico; Escala Yale-
deve ser considerada a verdade sobre o cliente, mas
Brown para Transtorno Obsessivo-Compulsivo
sim uma hipótese de como as coisas funcionam para
– Y-BOCS (Goodman et cols, 1989) que identifica
ele. Apesar de ser uma parte importante do início da
os principais sintomas do cliente, sua duração,
terapia, ela não ficará em destaque no tratamento, mas
interferência, resistência e controle percebido; Escala
servirá sempre como suporte de toda e qualquer
de Intensidade de Sintomas de Transtorno de Estresse
intervenção durante as sessões. É importante lembrar
Pós-Traumático – PTSD Symptom Scale (Foa,
que o terapeuta deve preferencialmente discutir suas
Rothbaum, Riggs & Murdock, 1991); Escala de
hipóteses sempre com o cliente, que poderá validá-las,
Preocupação da Universidade da Pensilvânia (Meyer,
ou não.
Miller, Metzger & Borkovec, 1990) para diferenciar
O processo de formulação de caso cognitivo-
indivíduos que apresentam TAG de outros com
comportamental é mais do que simples diagnóstico. É
transtornos de ansiedade diversos. Estes são apenas
uma compreensão do funcionamento global do
alguns dos instrumentos disponíveis ao terapeuta.
indivíduo, não somente no momento atual, mas ao
Embora existam muitos outros, estes foram citados
longo de sua história de desenvolvimento. É um
por serem amplamente utilizados na prática clínica
mapeamento de suas habilidades, sua forma específica
brasileira.
de organizar sua história e seu jeito de se relacionar
Completada a fase de descrição das características
com as pessoas. Destacam-se, ainda, os pontos de
gerais do funcionamento do indivíduo e tendo uma
conflito e dificuldade para o indivíduo a serem
compreensão ampla das dificuldades vivenciadas pelo
trabalhados na terapia e que serão posteriormente
cliente, descrevem-se as hipóteses diagnósticas e de
reavaliados, tanto pelo relato verbal subjetivo do
trabalho, para então definir quais tipos de metas e
cliente quanto pelas medidas objetivas dos
intervenções serão planejados para ajudá-lo na
instrumentos disponíveis.
resolução de seus problemas. A hipótese de trabalho é
A formulação permite uma coerência nas decisões
o centro da formulação cognitivo-comportamental,
terapêuticas. Permite que processos de mudança
articulando os problemas que constam da lista, as
realmente ocorram!
crenças centrais e condicionais, e os eventos
ativadores. É à hipótese de trabalho que a maioria dos
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Sobre as autoras
Cristiane Figueiredo Araújo: Psicóloga Clínica e Hospitalar – Instituto Estadual de Dermatologia Sanitária/RJ. E-mail:
crisfig@aol .com.
Helene Shinohara: Professora e Supervisora do Departamento de Psicologia da PUC-Rio. Mestre em Psicologia Clínica.
Rua Jardim Botânico, 674/108, Rio de Janeiro, RJ. CEP:22481-000. E-mail: shinohara@montreal.com.br.
TERAPIA COGNITIVA: PRESSUPOSTOS TEÓRICOS
Saint-Clair Bahls

A Terapia Cognitiva utiliza o conceito da estrutura “biopsicossocial” na determinação e com-preensão dos fenômenos relativos a psicologia humana, no entanto constitui-se como uma aborda-
gem que focaliza o trabalho sobre os fatores cognitivos da psicopatologia .


Vem demonstrando eficácia em pesquisas científicas rigorosas além de ser uma das primeiras a reconhecer a influência do pensamento sobre o afeto, o comportamento, a biologia o ambiente.
(Shinohara,1997; Shaw & Segal, 1999).


De acordo com a Terapia Cognitiva os indivíduos atribuem significado a acontecimentos,
pessoas, sentimentos e demais aspectos de sua vida, com base nisso comportam-se de determinada
maneira e constroem diferentes hipóteses sobre o futuro e sobre sua própria identidade.

As pessoas reagem de formas variadas a uma situação específica podendo chegar a conclusões também variadas.

Em alguns momentos a resposta habitual pode ser uma característica geral dos indivíduos dentro de determinada cultura, em outros momentos estas respostas podem ser idiossincráticas derivadas de experiências particulares e peculiares a um indivíduo.

Em qualquer situação estas res-
postas seriam manifestações de organizações cognitivas ou estruturas. Uma estrutura cognitiva é um componente da organização cognitiva em contraste com os processos cognitivos que são passageiros (Beck, 1963; 1964).

Assim, a teoria cognitiva tem como objeto de estudo principal a natureza e a função dos aspectos cognitivos, ou seja, o processamento de informação que é o ato de atribuir significado a algo.

O objetivo da Teoria Cognitiva é descrever a natureza de conceitos (resultados de processos cognitivos) envolvidos em determinada perturbação de maneira que quando ativados dentro de contextos específicos podem caracterizar-se como maladaptativos ou disfuncionais. O objetivo da terapia cognitiva seria, ainda, o de fornecer estratégias capazes de corrigir estes conceitos idiossincrásicos (Bahls, 1999; Biggs & Rush, 1999; Beck & Alford,2000).


No processo de psicoterapia cognitiva ocorre algo muito semelhante a testagem empírica das teorias científicas: os sistemas de crenças pessoais são testados com relação à suas conseqüências e funcionalidade para a vida do paciente dentro de contextos específicos (Lima & Wielenska, 1993).

Este processo de testagem empírica ocorre a partir da aplicação de técnicas e conceitos desenvolvi- dos na teoria cognitiva e por esta razão é imprescindível, para a realização de uma terapia com bases verdadeiramente científicas, que o terapeuta tenha um embasamento teórico sólido bem como um domínio das técnicas e uma boa interação com a pessoa que buscou o tratamento, já que deve haver uma parceria terapeuta-paciente nesta investigação cognitiva (Rangé, 1998a; Beck & Alford, 2000).

A história da terapia cognitiva inicia-se em 1956 quando Aaron Beck realizou um trabalho de
pesquisa com o intuito de verificar os pressupostos psicanalíticos acerca da depressão.

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TERAPIA CGNITIVO-COMPORTAMENTAIS: CONCEITOS E
PRESSUPOSTOS TEÓRICOS
Saint-Clair Bahls

Para freud(1917), pessoas deprimidas apresentavam uma “hostilidade retrofletida” ou seja, uma espécie
de masoquismo ou necessidade de sofrer. Os estudos de Beck o levaram a deparar-se com
resultados de outra natureza: alguns pacientes apresentaram melhoras em resposta a algumas
experiências bem sucedidas e não resistiram a estas mudanças, contrariando o esperado (Beck
& Alford,2000).
Isto fez com que Beck e demais pesquisadores iniciassem uma seqüência de novos e
diversos estudos sobre a depressão que passou a ser vista como um transtorno cuja principal
característica seria uma tendência negativa onde a pessoa deprimida apresenta, muito
freqüentemente, expectativas negativas com relação ao resultado de seus comportamentos e
uma visão também negativa de si mesma, do contexto em que está inserida e de seus objetivos
(Beck, Rush, Shaw & Emery, 1979). A partir disso os demais estudos desenvolveram-se de
forma a testar estratégias de modificação de tais tendências negativas existentes na depressão
bem como a extensão da testagem deste novo modelo a outros transtornos.
Beck e Alford (2000) definem cognição como a “função que envolve deduções sobre
nossas experiências e sobre a ocorrência e o controle de eventos futuros” ou ainda “... o pro-
cesso de identificar e prever relações complexas entre eventos, de modo a facilitar a adaptação
a ambientes passíveis de mudança”. A teoria cognitiva possui dez axiomas formais que servem
de ponto de apoio para as demais proposições teóricas. O termo axioma refere-se a afirmações
que não podem ser deduzidas sendo independentes das demais afirmações existentes em uma
teoria científica. Tais axiomas serão aqui enumerados de acordo com a apresentação feita pelos
autores citados acima.
O funcionamento psicológico bem como a adaptação psicológica a determinado contex-
to estão na dependência de “estruturas de cognição com significado” ou simplesmente “es-
quemas”. O termo “significado” é, por sua vez, designado como o resultado da ação de inter-
pretar uma realidade determinada e a forma de relação desta realidade com o self.
A função da atribuição de significado é a adaptação a um contexto específico. As estraté-
gias adaptativas são ativadas a partir da atribuição de significado já que este tem a função de
“controle dos vários sistemas psicológicos” tais como o comportamental, o emocional, os sis-
temas de atenção e da memória.
Ocorrem influências entre os “sistemas cognitivos” e os demais sistemas psicológicos de
forma a interagirem.
Uma “categoria de significado” apresenta implicações que são padrões específicos de
emoção, atenção, memória e comportamento. Este fato denomina-se “especificidade do con-
teúdo cognitivo”.
Os significados são construídos pelo indivíduo, ou seja, não são componentes preexistentes
da realidade. No entanto tais significados podem constituir-se como corretos ou incorretos em
relação a um contexto ou objetivo específicos. Os significados ditos incorretos são denomina-
dos como “disfuncionais” ou “maladaptativos” no que se refere a ativação dos sistemas. Os
erros (“distorções cognitivas” e “preconcepções”) podem acontecer tanto em relação ao con-
teúdo cognitivo propriamente dito (significado) como em relação ao processo de elaboração
de significado (processamento cognitivo).
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Existe nos indivíduos uma predisposição a fazerem construções cognitivas falhas e isto deno-
mina-se “vulnerabilidade cognitiva”. Em decorrência da especificidade cognitiva uma vulnerabilidade
cognitiva específica predispõe a pessoa a uma síndrome específica.
Os significados maladaptativos, dos quais resultam a psicopatologia, são construídos em rela-
ção ao que é denominado de “Tríade Cognitiva” ou seja em relação ao self, ao ambiente (experiência
atual) e ao futuro (objetivo).
Existem dois tipos de significado: o “significado público” que pode não ter muitas implica-
ções para o indivíduo (é o significado objetivo de um evento) e o “significado pessoal” ou privado.
O significado pessoal é construído a partir de implicações e generalizações relacionadas a ocorrên-
cia de um evento.
Existem três níveis de cognição: o nível pré-consciente, o nível consciente e o nível
metacognitivo. De acordo com esta abordagem, o nível consciente desempenha o papel mais im-
portante na melhora do paciente.
Os esquemas não são nunca adaptativos ou maladaptativos sendo classificados assim com
relação a um contexto específico. Assim os esquemas evoluem para facilitar a adaptação da pessoa
ao ambiente no qual está inserida.
Estes são portanto os dez axiomas formais da teoria cognitiva, no entanto, nesta abordagem
os axiomas não são vistos como elementos estáticos podendo evoluir de acordo com o surgimento
de novas evidências.
Em diversos transtornos tais como o transtorno de pânico, a depressão e o transtorno bipolar
de humor ocorre um prejuízo no funcionamento normal da atividade de organização cognitiva (Bahls,
1999; 2003). Nos transtornos de ansiedade, por exemplo, existe o impedimento de uma tendência
inata a ampliar o foco de atenção (ampliar o universo de fenômenos aos quais um organismo fica
atento) de forma que este organismo atua como se estivesse em uma situação de ameaça real sem
poder dar outros significados à situação. Em situações de ameaça à sobrevivência esta tendência é
bloqueada de forma que o indivíduo foca sua atenção sobre aquilo que está o ameaçando, o que é
extremamente adaptativo do ponto de vista evolutivo (Lotufo Neto, 1993b; Rangé, 1998b).

Assim, nos transtornos de ansiedade, o indivíduo sente-se intensamente vulnerável ao que considera serem ameaças, esta sensação o leva a esquivar-se de situações potencialmente ansiogênicas para ele.

A teoria cognitiva é vista como pertencente às teorias construtivistas pois vê o homem como
um ser que constrói seus significados sobre os fatos e portanto constrói sua própria realidade já que
a forma como este interpreta seu mundo determinará a maneira com que ele irá comportar-se.
TERAPIA COMPORTAMENTAL: PRESSUPOSTOS TEÓRICOS
A terapia comportamental embasa-se nas teorias sobre o comportamento que se desenvolveram
a partir do início do século XX e que na década de 50 teve grande repercussão através obra de Skinner.
O desenvolvimento da teoria comportamental permitiu o conhecimento a respeito das leis
gerais do comportamento tornando-o mais previsível. Tal conhecimento é o ponto no qual a terapia
comportamental se apóia para o desenvolvimento de sua prática clínica. Nesse sentido, é essencial o
conhecimento a respeito de termos e conceitos relativos a esta abordagem.
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Dentro da perspectiva comportamental existem dois tipos de comportamento: o conhecido
como “comportamento respondente” (denominado assim por responder a um estímulo específico
como os comportamentos reflexos, por exemplo) que tem caráter involuntário e o “comportamen-
to operante” que tem caráter voluntário.

O comportamento operante é aquele que modifica o ambiente, estando sujeito a alterações a partir das conseqüências de sua atuação sobre o ambiente. Ou seja, as probabilidades futuras de um operante ocorrer novamente está na dependência das conseqüências que foram geradas por ele
(Skinner,1953).
Além do conhecimento sobre as formas de comportamento, o conceito de “condicionamen-
to” desempenha papel fundamental dentro desta abordagem. Este conceito traz a idéia de que os
comportamentos são mutáveis, ou seja, que a partir de mudanças nas condições do ambiente po-
dem ser alterados.

Alguns fatores estão envolvidos no condicionamento operante: presença de
reforçadores ou de situações aversivas (Lotufo Neto, 1993a; Lettner, 1998).


Mediante uma conseqüência reforçadora a probabilidade de que um operante ocorra nova-
mente é aumentada.

O padrão de reforçamento também é um fator que influencia na freqüência em
que ocorre um comportamento operante. O reforço pode ser contínuo ou seja, ocorrer sempre
após determinada resposta ou intermitente onde acontece de acordo com uma determinada perio-
dicidade.

O comportamento tende a ocorrer numa freqüência maior quando está vinculado a um
esquema de reforçamento intermitente (Skinner,1953).
Ainda com relação ao condicionamento operante, situações que antecedem determinada res-
posta e que tenham sido vinculadas a um reforçamento constituem-se em fatores que podem go-
vernar o comportamento do indivíduo. Esta situação denomina-se estímulo discriminativo, pois,
permite que o sujeito consiga discriminar no ambiente as situações que garantem o reforço após a
emissão de determinada resposta. Além desta capacidade de discriminação também é importante o
conhecimento sobre o conceito de generalização: um organismo é capaz de estabelecer diferenças
e semelhanças entre estímulos e a partir disso comportar-se da mesma forma em ambientes diferen-
tes (Lotufo Neto, 1993a; Rangé,1998a; Bahls, 2003).
No condicionamento operante pode ser utilizado um procedimento conhecido como “mo-
delagem” que consiste na forma progressiva com que o repertório comportamental de um organis-
mo vai sendo modificado através de reforçamentos sistemáticos de comportamentos que se asse-
melham ao comportamento final ao qual se quer atingir.
Situações ditas aversivas também produzem determinados tipos de comportamentos. A puni-
ção, por exemplo, é uma delas: a punição caracteriza-se pela retirada de um estímulo reforçador
diante de determinada resposta ou pela apresentação de um estímulo aversivo. De acordo com
Skinner (1953) a punição somente produz diminuição de um dado comportamento temporaria-
mente e nas situações em que o agente punitivo estiver presente. Assim a punição não é eficiente
para a remoção de um comportamento, podendo gerar outros comportamentos indesejados tais
como a agressividade. A utilização do reforço positivo é mais adequada quando se quer promover
uma mudança prolongada e eficaz do repertório comportamental do indivíduo.
Frente a um estímulo aversivo, o indivíduo pode emitir comportamentos de fuga (evitação do
estímulo na presença deste) ou de esquiva (evitação quando o estímulo aversivo ainda não está
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presente). Outra situação aversiva é a frustração , que consiste na situação em que o estímulo
reforçador é inacessível ao organismo por fatores de impedimento diversos, dentre eles o fator
tempo ( situações em que o indivíduo precisa esperar para receber o reforço), ou situações de
conflito onde a opção por determinado tipo de reforço implica necessariamente na frustração de
não obter o outro (Rangé, 1998a).
Apresentaram-se aqui alguns dos conceitos pertencentes à abordagem comportamental que
auxiliam na compreensão das leis que regem o comportamento, base teórica para a prática clínica
nesta abordagem.

TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL: DESENVOLVIMENTO E PRESSU-
POSTOS TEÓRICOS

As bases teóricas das terapias cognitivo-comportamentais passaram a ser desenvolvidas no
início do século XX com o surgimento do evolucionismo de Darwin e de uma crescente realiza-
ção de estudos empíricos sobre o comportamento.
Na década de 70 houve um grande desenvolvimento e reconhecimento da terapia
comportamental devido ao surgimento de técnicas novas especialmente no tratamento de fobias,
obsessões e disfuncões sexuais (Lima & Wielenska, 1993). De acordo com Hawton, Salkovskis,


Kirk e Clarck (1997), foi nesta época que Lang, Rachman e outros desenvolveram a idéia de que um
problema psicológico poderia ser compreendido sob três enfoques diferentes (ou “três sistemas”)
ligados entre si tais como os sistemas comportamental, cognitivo/afetivo e fisiológico.

Esta idéia
representou uma quebra com a visão unitária dos problemas psicológicos que até então existia.
Hammen e Glass (1975), citados por Hawton e cols. (1997), desenvolveram estudos com
pacientes depressivos e perceberam que apesar de os pacientes realizarem com maior freqüência
atividades agradáveis (ao contrário do que se pensava a partir de trabalhos anteriores), era comum
que avaliassem negativamente tais atividades e o seu desempenho em realizá-las. Estes fatos cha-
maram a atenção para influência dos fatores cognitivos na forma como um indivíduo reage aos
fatores do meio e na constituição das psicopatologias, contribuindo assim para que muitos
terapeutas comportamentais passassem a utilizar também conceitos e técnicas cognitivos na prá-
tica clínica.
A REVOLUÇÃO COGNITIVA NA PSICOLOGIA
Alguns autores influenciaram, de maneira mais definitiva, na consolidação da abertura da
ciência do comportamento aos fatores cognitivos. Assim, Bandura (1979) foi um autor que desem-
penhou um papel fundamental. Este autor desenvolveu trabalhos a respeito da “aprendizagem
observacional” onde um indivíduo aprende eficazmente a partir da observação de um comporta-
mento emitido por outro e de sua realização posterior. Para o autor o modelo de auto-regulação (ou
de auto-eficácia) está relacionado com este tipo de aprendizagem pois uma mudança voluntária de
comportamento sempre será mediada pela percepção do sujeito a respeito de seu desempenho
(capacidade de adquirir um dado comportamento).
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Estudos posteriores a respeito do conceito de autocontrole (que seria constituído de três
etapas auto-observação, auto-avaliação e auto-reforço) também tiveram seu papel para a realização
de inúmeras pesquisas na quais foram definidos muitos construtos de natureza cognitivista.


Outro autor importante neste processo foi Meichembaum (1977) que partindo de uma abordagem exclusivamente cognitiva desenvolveu a idéia de “treinamento instrucional” baseado na hipótese de que mudanças relativas a determinados comportamentos ocorrem através de alterações no tipo deinstrução que um indivíduo dá a si mesmo, de forma a evitar pensamentos disfuncionais e buscar os
adaptativos.

A Terapia Cognitiva de Beck é considerada, atualmente, como a principal abordagem cognitiva.

Os trabalhos iniciais de Beck, como foi visto anteriormente, enfocaram a depressão.

De acordo com a abordagem cognitiva de Beck, os pensamentos e avaliações negativos, comumente encontra dos em pacientes com depressão não constituem um sintoma somente, mas são fatores que estão na própria manutenção desta .

Em conseqüência desta visão, a depressão na Terapia Cognitiva, assim como os demais transtornos psiquiátricos, é tratada levando o paciente a identificar e alterar estes pensamentos disfuncionais (Biggs & Rush, 1999; Shaw & Segal, 1999: Bahls &
Bahls, 2003).

A partir da influência destes autores, a pesquisa e a prática da abordagem comportamental passou a apresentar algumas mudanças, ao menos em parte.

Referindo-se a esse fato Rangé (1998)comenta: (...) a disseminação da chamada revolução cognitiva na pesquisa básica em psicologia, provocou também uma revolução cognitiva no behaviorismo .

Aos poucos modelos cognitivos como os de Ellis (1982), Bandura (1969,
1977, 1989) e Beck e colaboradores (1977, 1985, 1990, 1993) foram sendo introduzidos e progressivamente aceitos.

Desta forma, as terapias designadas de terapias cognitivo-comportamentais (TCC), denominam-se assim porquê constituem uma integração de conceitos e técnicas cognitivas e comportamentais.

Atualmente dispõe-se de uma ampla gama de tratamento de diversos problemas tais como transtornos de ansiedade, depressão, disfunções sexuais, distúrbios obsessivos-compulsivos e alimentares (Hawton e cols, 1997; Biggs & Rush, 1999).

Na abordagem cognitivocomportamental tem sido desenvolvidos muitos trabalhos de pesquisa a fim de se verificar experimentalmente a eficácia dos diversos tipos de tratamento.

Ao longo dos anos de pesquisa foram desenvolvidas e testadas diversas formas de tratamen-
tos na TCC.

As terapias utilizadas diferem umas das outras de acordo com o enfoque predominan-
temente cognitivo ou comportamental.


Apesar da diversidade destas terapias todas compartilham do mesmo pressuposto teórico, ou seja, que mudanças terapêuticas acontecem na medida em que ocorrem alterações nos modos disfuncionais de pensamento.

Neste ponto de vista, o mundo é considerado como constituinte de uma série de eventos que podem ser classificados como neutros, positivos e negativos, no entanto a avaliação cognitiva que o sujeito faz destes acontecimentos é o que determina o tipo de resposta que será dada na forma de sentimentos e comportamentos.

Desta forma, a TCC da uma grande ênfase aos pensamentos do cliente e a forma como este interpreta o mundo.


A Terapia Cognitivo-Comportamental centra-se nos problemas que estão sendo apresenta-
dos pelo paciente no momento em que este procura a terapia, sendo que seu objetivo é ajudá-lo a aprender novas estratégias para atuar no ambiente de forma a promover mudanças necessárias.

A
metodologia utilizada na terapia é de uma cooperação entre o terapeuta e o paciente de forma que as estratégias para a superação de problemas concretos são planejadas em conjunto (Lima & Wielenska, 1993).

Na Terapia Cognitivo-Comportamental procura-se definir claramente objetivos,
especificando-os de acordo com os problemas e questões trazidas pelo paciente .
O ponto de partida do tratamento é a fonte de sofrimento do cliente, ou seja, a partir das
distorções que estão ocorrendo na forma do sujeito avaliar a si mesmo e ao mundo.

Denominam-se “esquemas” a base para a avaliação das experiências.

As estruturas cognitivas organizam-se em níveis nos quais os esquemas encontram-se no núcleo.

Durante a terapia procura-se explorar cada um destes níveis de organização, partindo dos pensamentos automáticos até chegar ao sistema de crenças dapessoa .

Então as crenças são testadas a partir de argumentos e propostas de exercícios que o paciente realizará durante a terapia e em demais contextos (Shinohara, 1997).

Um dos objetivos da TCC é corrigir as distorções cognitivas que estão gerando problemas ao indivíduo e fazer com que este desenvolva meios eficazes para enfrentá-los.

Para tanto são utilizadas
técnicas cognitivas que buscam identificar os pensamentos automáticos, testar estes pensamentos e
substituir as distorções cognitivas. As técnicas comportamentais são empregadas para modificar
condutas inadequadas relacionadas com o transtorno psiquiátrico em questão .


CONCLUSÕES
Este artigo procurou trazer informações a respeito das terapias cognitivo-comportamentais e as bases nas quais se fundamenta a prática desta abordagem.

Para tanto foi necessário trazer os conceitos das terapias Cognitiva e Comportamental.

A partir desta revisão pôde-se observar que a
TCC é uma abordagem eclética ao integrar conceitos e técnicas de duas abordagens diferentes tanto no que se refere aos pressupostos teóricos quanto na forma como se dá a prática da consulta.

A Terapia Cognitiva é uma abordagem classificada como mentalista, no sentido de que vê os fatores cognitivos como os principais fatores envolvidos na etiologia dos transtornos psiquiátricos.

Já a abordagem comportamental valoriza os fatores ambientais e a forma como se dá a interação de um organismo com o meio.

Apesar das divergências iniciais entre estas abordagens acabou ocorrendo o
que foi conhecido como a revolução cognitiva na psicologia, à qual muitos pesquisadores e consultores acabaram aderindo.

Pesquisas na área e a própria prática da TCC vem mostrando que, apesar das diferenças, a
integração destas duas abordagens vem apresentando resultados satisfatórios e demonstrando sua
viabilidade.
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Significados

O principal caminho do funcionamento ou da adaptação consiste de estruturas de cognição com significado, denominadas esquemas. "Significado" refere-se à interpretação da pessoa sobre um determinado contexto e da relação daquele contexto com o self.

A função da atribuição de significado (tanto a nível automático como deliberativo) é controlar os vários sistemas (p.ex., comportamental, emocional, atenção e memória). Portanto, o significado ativa estratégias para adaptação.

As influências entre sistemas cognitivos e outros sistemas são interativas.

Cada categoria de significado tem implicações que são traduzidas em padrões específicos de emoção, atenção, memória e comportamento. Isto é denominado especificidade do conteúdo cognitivo.


Embora os significados sejam construídos pela pessoa, em vez de serem componentes preexistentes da realidade, eles são corretos ou incorretos em relação a um determinado contexto ou objetivo. Quando ocorre distorção cognitiva ou pré-concepção, os significados são disfuncionais ou mal adaptativos (em termos de ativação de sistemas).

As distorções cognitivas incluem erros no conteúdo cognitivo (significado), no processamento cognitivo (elaboração de significado), ou ambos.

Os indivíduos são predispostos a fazer construções cognitivas falhas específicas (distorções cognitivas). Estas predisposições a distorções específicas são denominadas vulnerabilidades cognitivas.

As vulnerabilidades cognitivas específicas predispõem as pessoas a síndromes específicas; especificidade cognitiva e vulnerabilidade cognitiva estão inter-relacionadas.

O desajuste resulta de significados mal adaptativos construídos em relação ao self, ao contexto ambiental (experiência), e ao futuro (objetivos), que juntos são denominados de tríade cognitiva.

Cada síndrome tem significados mal adaptativos característicos associados com os componentes da tríade cognitiva.

Todos os três componentes são interpretados negativamente na depressão.

Na ansiedade, o self é visto como inadequado (devido a recursos deficientes), o contexto é considerado perigoso, e o futuro parece incerto.

Na raiva e nos transtornos paranóides, o self é visto como sendo maltratado ou abusado pelos outros, e o mundo é visto como injusto e em oposição aos interesses da pessoa.

A especificidade do conteúdo cognitivo está relacionada desta maneira á tríade cognitiva.Há dois níveis de significado: (a) o significado público ou objetivo de um evento, que pode ter poucas implicações significativas para um indivíduo; e (b) o significado pessoal ou privado.

O significado pessoal, ao contrário do significado público, inclui implicações, significação, ou generalizações extraídas da ocorrência do evento. O nível de significado pessoal corresponde ao conceito de "domínio pessoal".

Coaching Cognitivo

A Terapia Cognitiva é uma das abordagens de psicoterapia que tem demonstrado grande êxito pelos resultados obtidos no tratamento dos mais variados transtornos e patologias clinicas. Tem como alicerce básico a compreensão dos processos cognitivos e sua rede de significados que são estabelecidos através da percepção, seleção e significação das informações provenientes do meio externo.

Assim, cada indivíduo "percebe" e "interpreta" a vida de um jeito único e idiossincrático. Metaforicamente, podemos imaginar, que cada pessoa no decorrer de sua história adquire uma lente através da qual passa a enxegar o mundo e esta visão é pautada nas crenças (p. ex.: como eu sou, como vejo o mundo, como me sinto e etc), juízos de valor (p. ex.: isto é certo, errado, imoral, moral e etc) valores estes que a pessoa construiu através de suas experiências com o passar de sua vida.

Sob esta condição é que as concepções cognitivistas mostraram toda a sua força e maestria ao exibirem as mais diversificadas ferramentas de ajuste cognitivo como os ‘registros de pensamentos disfuncionais’ (J. Beck, 1997), as técnicas de ‘reestruturação cognitiva’ (Beck & Freeman, 1993), o processo de ‘identificação da crenças irracionais’ (Ellis, 1988) e toda uma variedade de denominações peculiares que sustentaram (e ainda sustentam) a prática da correção ou de substituição dos padrões disfuncionais por padrões mais funcionais do pensamento.

Neste sentido, mais do que se presumir, aceitou-se que o ‘conhecimento’ é uma representação direta do mundo exterior, cabendo ao terapeuta auxiliar o paciente no ajuste ou no aperfeiçoamento de padrões mais verdadeiros e concordantes com a realidade socialmente estabelecida; assim, o terapeuta, nesta postura, ‘sabe’ aquilo que é melhor para seu cliente. Ao pensamento foi atribuído um caráter determinante e, à sua disfunção, toda uma variedade de psicopatologias. Às emoções intensas, aquelas intrusas indesejadas de nosso bem-estar, restou-lhes apenas o controle. Quando então não se obtinha o princípio da correspondência com o mundo exterior, as emoções disfuncionais eram a indicação desta falta de compatibilidade entre a realidade interna e a externa.

Portanto, dentro das concepções cognitivas mais tradicionais (ou cognitivas-objetivistas), a destreza e o manuseio pelo cliente das boas formas de entender a realidade fez com que, em certo sentido, o organismo fosse entendido como passivo às interferências do meio, devendo então se curvar e, frente aos eventuais erros do pensamento, exibir uma rota mais ‘adequada’. Assim, torna-se inevitável que o ‘erro do pensar’ tenha se tornado a fruta em decomposição na fruteira, devendo ser corrigido.

O objetivo da Terapia Cognitiva não é o de interpretar ou de tentar criar uma teoria de leis gerais sobre o funcionamento da psique humana, mas sim, o de levantar hipóteses gerais acerca de como cada indivíduo construiu a sua realidade e analisar assim os padrões de pensamento gerados por estas crenças, que, sendo inadequadas ou disfuncionais, podem vir a criar conflitos e sofrimento para a pessoa. Através das técnicas cognitivas propõe-se, então, a mudança dessas crenças e, consequentemente, o alivio do sofrimento emocional.

Até a última contagem existiam mais de 25 tipos distintos de psicoterapia cognitiva no mundo.

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O que é Coaching Cognitivo

Segundo o construtivismo, os significados não são originários somente das crenças ou dos juízos de valor, mas muitas vezes sua origem são as experiências e representações corporificadas destas experiências, ou seja, os significados que criados, freqüentemente, partem das estruturas corpóreo-emocionais da experiência e não dos processos puramente racionais.

Isto faz com que estejamos imersos em características criativas e não somente representativas da realidade externa. Mais do que reproduzir internamente os significados do mundo externo, construímos muito mais sentidos do que aqueles já articulados "lá fora", ou seja, nossa cognição, basicamente pró-ativa, vai além do que a ela é apresentado.

Portanto, o mundo interno que habitamos é visto como derivado fundamentalmente de uma construção pessoal ímpar, sentida e não unicamente pensada.

A psicoterapia construtivista, assim, procura entender e ampliar os padrões de significados emocionais e não, a priori, desconfiar que os mesmos sejam os vilões equivocados do sofrimento emocional.

A experiência individual é resultante de um processo evolutivo, onde a realidade em que vivemos é (re)interpretada por nós através de nossa estrutura cognitiva (e emocional) e os significados finais são o produto de atribuições pessoais de caráter múltiplo.

O mundo que se ergue e habitamos não é um mundo onde os significados são estabelecidos de maneira pública e abstraídos através da razão, mas um mundo único, com um sentido próprio para aquele que o estrutura. O organismo não é, então, passivo às interferências do meio e sim ativo, indo além daquilo que lhe é dado.

Diferentemente das visões tradicionais da Terapia Cognitiva (objetivista) nas quais os erros de pensamento nos levavam às emoções disfuncionais; nas concepções construtivistas, as emoções são as estruturas determinantes da formação de significado, ou seja, existe uma primazia abstrata sobre a forma de se criar e perceber a realidade.

O que foi construído como verdadeiro pelo indivíduo converte-se em um elemento soberano e determinante aos nossos sentidos, mesmo que aos olhos do terapeuta possam ser irracionais ou desprovidos de lógica.

A partir da construção interna é que os clientes atribuem os significados às coisas que os circundam. Somos prisioneiros capturados na rede de nossas teorias e expectativas.
ABORDAGEM COGNITIVA COMPORTAMENTAL
PARA ADULTOS, CASAIS E ADOLESCENTES





A Abordagem Cognitiva é um recurso para ajudá-lo a entender melhor a si mesmo, às pessoas ao seu redor e aos seus problemas e pode auxiliá-lo a encontrar maneiras de enfrentar as dificuldades e melhorar sua situação.

Nesse processo, o cliente e o orientador examinam áreas emocionais e sociais que o estão afetando no dia-a-dia ou em situações específicas.

Muitas pessoas procuram a psicoterapia porque estão preocupadas com seus relacionamentos - com a família, com amigos, com esposos, com namorados, com parentes, com vizinhos, com filhos, com irmãos, com colegas de trabalho, com companheiros de república. Isso acontece porque os relacionamentos são uma parte muito importante de nossas vidas. Essas pessoas procuram psicoterapia porque querem entender melhor seus relacionamentos, o que está dando errado neles e pensar em como melhorá-los.

A abordagem cognitiva ou cognitiva comportamental, que é a abordagem que uso com as pessoas que me procuram, leva principalmente em conta as interpretações que cada um dá a si e aos acontecimentos para tentar entender e modificar suas emoções e seu modo de agir, esses são seus pilares centrais.

O foco principal da abordagem está em como os problemas (atuais ou não) interferem com sua vida diária, ajudá-lo a entender esses problemas e a desenvolver maneiras de lidar com eles.

É um tipo de psicoterapia mais ativa (você não vai falar 50 minutos sem quase ouvir minha voz), onde oorientador pode pedir para você fazer ou pensar sobre certas coisas entre as sessões (como uma "lição de casa") ou sugerir certos comportamentos (que fazem parte das técnicas da abordagem e/ou foram demonstrados serem eficientes para determinados casos, pela literatura científica).

Algumas das razões comuns para fazer orientação cognitiva comportamental são:

querer fazer mudanças positivas em sua vida

dificuldades com relacionamentos

desempenho no trabalho, faculdade ou escola

sentir que sua vida está desequilibrada

querer fazer uma revisão de sua vida

querer recomeçar

desenvolvimento pessoal

problemas de comunicação

trauma por seqüestro, assalto, estupro

ansiedade

pânico

estresse

abuso físico, sexual ou emocional

depressão

sentir que perdeu o sentido na vida

perdas

luto

medo do futuro

transtornos alimentares

dificuldades sexuais

falta de confiança

querer fazer mudanças na carreira

ciúmes

problemas de intimidade

problemas conjugais

obsessões, manias e compulsões

transições de relacionamento

crise de transição de vida (p.e. crise de meia-idade)

sentir-se para baixo ou infeliz sem saber por quê

indecisão

falta do motivação

fobia

problemas do comportamento em adolescentes

não conseguir lidar com as circunstâncias

questões sobre orientação sexual

solidão

isolamento

sentir-se vazio

problemas de identidade e personalidade

questões de auto-estima e auto-conceito

PERGUNTAS COMUNS
"Você realiza atendimento online?"

R. Sim, realizo orientação psicológica pela internet. Para mais informações, entre no site:



Esse serviço se destina principalmente a executivos que têm questões pontuais e não têm tempo de ir ao consultório, para quem mora longe e gostaria de falar com um psicólogo sobre dificuldades que não necessitem de psicoterapia e para brasileiros que estão fora do Brasil (nos Estados Unidos, Japão, Europa, etc) e gostariam de falar com um psicólogo brasileiro para aconselhamento e orientação.

"Gostaria de saber qual a diferença entre psicólogo, psiquiatra e psicanalista. Também em que consiste a entrevista inicial. É um diagnostico?"

R. O psicólogo fez 5 anos de faculdade de psicologia, com uma formação multidisciplinar, enfocando tanto a parte humana quanto a biológica e estuda várias abordagens psicoterápicas, escolhendo uma para atuar. Além de ser psicoterapeuta, a atuação profissional do psicólogo abrange outras áreas, como o recurso humanos em empresas, a orientação vocacional e a aplicação de testes psicológicos, entre outros.

O psiquiatra é um médico que fez residência em psiquiatria, que geralmente trata a pessoa através de medicamentos, que se prestam aos transtornos psiquiátricos, procurando as causas orgânicas de seu quadro. Alguns psiquiatras também fazem psicoterapia, pois eles têm algumas matérias na residência sobre isso.

O psicanalista estudou psicanálise (que é uma das várias abordagens psicoterápicas que existem, cujo fundador foi Freud) em uma sociedade de psicanalistas e pode ter qualquer formação superior (pode ser um químico, um matemático, etc).

O psicólogo cognitivo (que é a abordagem na qual atendo) ajuda a pessoa através de psicoterapia, onde em sessões semanais a pessoa estará trabalhando seus pensamentos , crenças e comportamentos, direcionados a um objetivo específico (por exemplo, ansiedade, dificuldades de relacionamento) ou ao auto conhecimento.

Na sessão inicial o psicólogo vai saber da história da pessoa para direcionar a psicoterapia às suas dificuldades e objetivos e o psiquiatra faz o diagnóstico, para escolher a medicação e dosagem apropriados ao caso.

ALGUMAS DIFICULDADES NAS QUAIS A PSICOTERAPIA
PODE AJUDAR E EXEMPLOS DE CASOS
Auto-estima rebaixada: dificuldade em aceitar elogios, medo de rejeição, falta de objetivos, dificuldade em dizer não a outro, não gostar de si ou de sua aparência, supõe não ser gostado por outro, pôr-se objetivos abaixo da sua capacidade.
"Tenho baixa auto-estima e acho que todo mundo está querendo me sabotar o tempo todo. Eu falo tudo que dá na telha porque acho que nunca posso mentir e nunca consigo fazer amizades."

R. Você tem pensamentos e crenças a respeito de si e dos outros que não estão ajustadas com suas reais necessidades e as necessidades das pessoas com quem você gostaria de travar uma amizade, então você acaba agindo de um modo que tem o resultado oposto do que queria. Uma saída seria detectar esses pensamentos e crenças, um a um, e pô-los em cheque, além de estar pensando nas opções para conseguir seus objetivos e em como alcançá-los.

"Gostaria de saber como levantar a minha auto estima pois estou muito deprimida, meu marido diz que não sente mais nada por mim. O importante é saber como passar dessa crise? Como ser uma mulher reestruturada? Como ser bem sucedida como dona de casa, no emprego, na faculdade?"

R. É natural em uma situação como essa, de crise no casamento, você se sentir mais frágil e triste e com a estima abalada pelo motivo que seu marido expôs. Lembre que um relacionamento é como uma dança a dois, não se faz sozinho e com certeza seu marido tem sua responsabilidade na crise que estão passando. Você não precisa ser a mulher maravilha, perfeita em tudo, para ter um relacionamento satisfatório. O primeiro passo seria conversar direito com ele, ver o que se passou e buscarem juntos soluções para as coisas que levaram a isso. Se vocês não verem uma saída sozinhos, uma terapia de casal pode ajudá-los, nesse momento. Procure pensar em suas qualidades e nas coisas legais que já conseguiu e lembre-se sempre de seu valor. Procure estabelecer as suas prioridades e objetivos e se focar nessas outras coisas, além de reservar um tempo para você mesma (para fazer coisas que você gosta, como ir ao cinema ou ter um hobbie). Conversar com amiga(s) próxima(s) também pode ajudá-la. E se você achar que precisa de um espaço para pensar em tudo isso com auxílio, uma psicoterapia pode ser bem legal.

Abuso sexual (decorrências): dificuldades em criar e manter relacionamentos íntimos, em confiar nos outros novamente, sentimentos de vulnerabilidade, insegurança, vergonha, culpa, depressão, ansiedade, ataques do pânico, mudanças de humor, vícios e auto mutilação (pode se cortar ou se ferir).
"Sofri abuso sexual aos 9 anos. Aconteceu 3 ou 4 vezes. Ainda me lembro, porque fiquei com seqüelas físicas e psicológicas. Peguei uma dst sem saber o que era uma relação sexual. Eu não tive coragem de contar. Nem sabia o que estava acontecendo...Só sei que minha mãe chorou muito aquele dia por mim. Nunca tive coragem de contar isso a ninguém. Tenho receio de que não acreditem em mim, ou que também me considerem culpada por algum motivo. Desde que isso aconteceu, não tive mais relação. Até tento ter um relacionamento com alguém, mas fico pensando como essa pessoa reagiria se me ouvisse falando essas coisas, e se acreditaria em mim. Estou com hpv, sei que não tem cura. Ás vezes me sinto suja por dentro. Tenho nojo de mim. Não sei mais o que fazer...Já fui na ginecologista, contei parte do que aconteceu para ela e ela ainda me pergunta se eu tenho relações sexuais com alguém. Depois disso, nem precisa dizer mais nada! Gostaria de poder esquecer tudo isso e ter uma vida normal como qualquer pessoa normal da minha idade. Já pensei em me matar, mas sei que essa não é a melhor solução, e que tem pessoas que precisam de mim. Só to vivendo da maneira que posso."

R. Você teve uma experiência terrível, que te trouxe seqüelas físicas e emocionais até hoje. A parte física já está sendo cuidada, e é mais difícil, mesmo, estar lidando com a parte emocional, por ter que se estar lembrando de coisas que a machucam. Seria bom, nesse momento da sua vida, você ter um espaço para estar sendo cuidada, para estar trabalhando essas questões e assim poder deixá-las onde é o lugar delas, no passado, porque hoje é como se essas coisas continuassem a acontecer dentro de você e é por isso que está tão insuportável estar vivendo e convivendo com isso. Com certeza a saída não está em se matar ou fazer algo contra si. Uma psicoterapia pode auxiliá-la e te faria bem.

Tabagismo: auxílio psicológico para parar de fumar. Sigo a linha cognitiva comportamental, onde para parar de fumar vejo a parte comportamental (dando informações, trabalhando quais as deixas que o levam a fumar e o cercando para a parada propriamente dita) e concomitantemente os fatores emocionais associados (trabalhando os pensamentos e crenças ligados tanto ao fumar quanto às dificuldades emocionais que podem levar à recaída e que podem estar embutidas para o início ou continuidade do vício).Trabalho com tabagismo dentro da psicoterapia, também.
"Gostaria muito de parar de fumar, pois fumo desde de minha adolescência, ou seja 17 anos quando comecei e hoje estou com 39 anos, preciso de ajuda?"

R. Seria interessante você procurar ajuda para parar com o cigarro, se já tentou parar sozinho e não conseguiu. A psicoterapia o ajudaria a redimensionar os comportamentos que estão presentes no momento que você fuma, para que o comportamento de fumar diminuísse, além do aspecto de motivação e outros aspectos emocionais que podem estar envolvidos, assim como a prepará-lo para largar o cigarro, que está com você a tanto tempo. Você também pode recorrer à medicação prescrita por um médico psiquiatra, é muito utilizada bupropiona.

Timidez: dificuldades em se aproximar das pessoas e em paquerar ou começar um namoro, evitação de locais públicos ou situações sociais, vergonha, embaraçamento.
"Eu sou uma pessoa tímida, toda vez que me aproximo de uma mulher fico vermelho, toda vez que bebo tenho coragem, é normal? Qual o procedimento a ser tomado para vencer a timidez e parar de ficar vermelho?"

R. Para vencer a timidez é preciso, aos poucos, se expôr às situações que são difíceis para o tímido, tal como a paquera, e modificar o modo que se vê estas situações. Em uma psicoterapia (que é indicada quando a timidez está trazendo sofrimento pessoal) você pode estar descobrindo quais os motivos que o levam a ter esta dificuldade e a procurar modos de ultrapassá-la. Pessoas claras tendem a mostrar mais rubor do que as pessoas morenas, mas o problema maior do tímido não é ruborizar-se, mas sim embaraçar-se em demasia com este rubor, o que também pode ser melhorado com a psicoterapia. Muitos tímidos bebem para enfrentar situações sociais, pois relatam que conseguem se soltar bebendo, coisa que não fariam normalmente, além de terem onde pôr as mãos. Mas beber nestas situações não é recomendável, pois a bebida apenas esconde o problema (não criando uma habilidade em manejar a situação) e não se expôr a ele só o perpetua, além de beber poder levar ao vício.

Conflitos entre o casal ou família: discussões freqüentes, ciúmes, questões de falta de confiança, conflitos entre pais e adolescentes.
"Sou casada há 08 meses, tenho um filho de 06 meses. Passo por um problema de carência muito grande, meu marido não me dá muita atenção e na verdade ele não faz mais questão de saber dos meus problemas e isso me incomoda. Esclareço que procuro ser uma esposa perfeita, ajudando-o nos negócios, sou uma boa mãe e esposa ao meu ver. Como posso resolver meu problema?"

R. Em primeiro lugar, tente conversar novamente com seu marido, expondo suas necessidades (sem acusações e de forma clara) e o modo como se sente e tente ver o que ele acha de tudo isso e da atenção que você sente falta. Caso já o tenha feito ou essa distância perdure, algo que poderia ajudá-la nesse momento seria procurar um psicólogo em sua cidade, que conversaria com você e avaliaria se é o caso de se fazer uma terapia de casal ou se uma psicoterapia individual a auxiliaria com essas questões.

Questões comuns a adolescentes: podem trazer sofrimento na adolescência a ansiedade, tristeza, culpa, raiva, auto-estima baixa, dificuldades na escola, com amigos, namoro, com pais, "bulling" (ser zoado), dúvidas quanto ao futuro e ao vestibular, entre outros.
"Tenho 15 anos, estou no segundo ano do ensino médio e acho que estou com depressão. Antes de lhe enviar esse email, pesquisei na internet os sintomas, e me identifiquei muito com a maioria deles.

pessimismo

irritabilidade

pensamentos de morte, vontade de morrer

sentimentos de culpa

vergonha

pena de mim mesmo

vontade de ficar em casa

baixa auto estima

chorar à toa e constantemente entre outros.

Peço ajuda por que minha mãe acha que estou exagerando, então não posso pagar do meu bolso um tratamento para depressão. Alguns acontecimentos vem ocorrendo que estão me deixando profundamente triste e sem vontade de viver."

R. Acho que fazer uma psicoterapia poderia ajudá-la, sim, devido ao seu sofrimento. Independente de seu diagnóstico ser depressão ou não, nessa fase da vida pode acontecer muito sofrimento por não se conseguir ver modos de se lidar com determinadas situações ou ainda não se ter desenvolvido habilidades para fazê-lo e os pensamentos ligados à isso são de tristeza, culpa, ansiedade. Por isso, ter um auxílio de um psicólogo pode ser uma coisa legal. Fale com sua mãe. Caso seja mais adequado nesse momento à sua família que o atendimento seja gratuito, as faculdades de psicologia têm clínicas, onde os alunos atendem a população. Na primeira sessão, como você é menor, os pais ou um dos responsáveis deve vir junto. Procure não se desesperar, a saída para as dificuldades que você está passando com certeza não está em se parar de viver!

"A minha melhor amiga tem 13 anos e está muito triste. Ela me contou que ela fica com os olhos inchados de tanto chorar e ela nem foi na escola hoje por causa disso. Eu estou preocupada e não sei o que fazer. Tenho medo de que alguma coisa de mal aconteça com ela. Você poderia me ajudar a fazer com que ela fique melhor?"

R. Procure saber o que está acontecendo com ela para ela ficar assim. Se for uma coisa que acontece sempre talvez seja bom falar com a mãe dela (dependendo do caso, um psicólogo pode ajudar sua amiga). Como amiga, dê seu apoio a ela, que é muito importante, a escutando e ajudando no que for possível.

Ansiedade: pode estar relacionada com preocupações, estresse, medos ou fobias, ataques do pânico, falta de segurança, traumas (de assalto, estupro, traição, abuso). A pessoa pode se sentir oprimida, irritada, com músculos tensos, com muitos pensamentos ao mesmo tempo, nervosa, com dificuldade em se concentrar ou tomar decisões. Pode ter também algum dos quadros: ataque de pânico, transtorno de estresse pós-traumático, transtorno obsessivo compulsivo, fobia social, transtorno de ansiedade generalizada, transtorno do pânico, agorafobia.
"Tenho, acredito eu, uma disfunção fácil, o sintoma mais forte: parece que a função de expressão de nojo é multo acentuada em mim; gostaria de saber se é só comigo que acontece, ou se alguém já se queixou disso e se tem tratamento."

R. A expressão de nojo muito acentuada pode relacionar-se ao transtorno obsessivo-compulsivo e é chamada de obsessão. Ela é um tipo de obsessão comum em quem tem este transtorno ansioso. Muitas vezes, além do pensamento de nojo, há comportamentos chamados rituais, como por exemplo lavar as mãos continuadamente, com o intuito de diminuir a ansiedade. Tem tratamento, sim, com psicoterapia cognitiva ou comportamental e/ou antidepressivos, dependendo do caso.

"O transtorno ansioso é a mesma coisa que transtorno do pânico? Esse mal tem cura?? É possível adquirir uma vida normal com esse estado??"

R. O transtorno do pânico é um tipo de transtorno ansioso. Transtorno ansioso não é a mesma coisa que transtorno do pânico, pois abarca outros transtornos, como a fobia, por exemplo . Os tratamentos mais recomendados são a psicoterapia cognitiva comportamental e antidepressivos. Existem técnicas específicas para se aprender a lidar com o transtorno do pânico, que são ensinadas na psicoterapia, além de ser importante se aprender a lidar com a ansiedade e procurar suas causas. O transtorno do pânico é uma doença crônica, ela tem um controle, mas fazendo o tratamento adequado é possível adquirir uma qualidade de vida normal.

depressão: pode ser relacionada com desesperança sobre o presente e o futuro, não achar uma saída para os problemas, frustrações e decepções, entre outras coisas. A pessoa pode ter sintomas tais como uma tristeza penetrante e/ou apatia, interesse diminuído pelo trabalho, atividades sociais, amizades e/ou no cuidado consigo, motivação e energia baixos, sentimentos de inutilidade e/ou de culpa impróprios; auto-estima baixa, diminuição ou aumento no sono e no apetite; excitação sexual baixa ou ausente, fatiga, irritabilidade, episódios de choro, concentração pobre, pensamentos de suicídio.
"Sofro de depressão. Acho que não estou deprimida, sou deprimida, pois o fato é recorrente em minha vida, às vezes com mais, outras vezes com menos intensidade. Me lembro de me sentir assim ainda criança. Pode, por favor,me orientar?"

R. Nesse caso, o ideal seria fazer um tratamento conjunto com psicoterapia (feita com um psicólogo) e medicação (prescrita por um médico psiquiatra).

identidade sexual: pesquisas americanas apontam para um aumento da vulnerabilidade e isolamento entre adolescentes e jovens homossexuais, devido ao estresse social. Ele foi associado com problemas acadêmicos, prostituição, fuga de casa, uso de drogas e até mesmo suicídio nestas populações. A rejeição da família pode ser uma das causas do estresse.

Além de estressores externos (como perda de emprego, violência, despejo, dificuldades com custódia de crianças, até perturbações diárias tais como piadas de mau gosto ou denominações discriminatórias), outro fator de risco à saúde mental de gays, lésbicas e bissexuais é a internalização de atitudes sociais negativas, levando a problemas de auto-imagem (desde falta de auto-confiança até ódio de si mesmo).

Albert Ellis

Albert Ellis, Humanist Therapist: 1913-2007
Thursday August 2, 2007

In past ages, any sort of "counseling" that a person might received was done either by family members or by clergy. The development of modern science and biology were instrumental in making it possible for the creation of fields of therapy and psychology that were independent of both tradition and religion.

Although it has been the norm for psychologists and psychiatrists to claim that their work is based on science, Albert Eillis was one of the few to adopt a deliberately and consciously rationalist approach to the control and understanding of one's own emotions.

"He was probably the most influential psychotherapist of the century," Robert O'Connell, the executive director of the Albert Ellis Institute, said in an interview today. "He was the first major intellectual thinker who really broke with the Freudian approach."

Ellis was known for developing rational emotive behavior therapy, which stresses that patients can improve their lives by taking control of self-defeating thoughts.

The approach contradicted Freud, who maintained that understanding childhood experiences was critical to treating neurosis.

"Neurosis," Ellis once said, is "just a high-class word for whining."

A 1982 survey of clinical psychologists ranked Ellis as the second-most influential in the field -- ahead of Freud and behind Carl Rogers, founder of humanistic psychology. Today, Ellis's method has been popularized by television personalities such as Phillip McGraw, better known as Dr. Phil.

Source: Houston Chronicle

Albert Ellis was also an earlier pioneer in research on sex and sexuality. Once highly taboo topics, it is only relatively recently that sexual behavior, sexual desires, and sexual orientation have been subjected to scientific research. It will be a while before religious outrage over this subsides. Albert Eillis wrote in Sex Without Guilt that traditional religious taboos concerned sexual expression are ultimately harmful to psychological and emotional health.

As with other fields, the scientific study of sexuality has resulted in a general rejection of traditional religious beliefs about the nature and use of sex — that's a major reason why there exists so much religious outrage over such studies. The more facts people become aware of, the harder it is for religious authorities to convince them that traditional beliefs and restrictions are valid. Traditional religion thrives best when ignorance can be maintained.

In addition to taking private patients, Ellis, beginning with "The Folklore of Sex" (1951), published book after book — more than 70 by some counts — of practical advice on relationships, overcoming problems, sex, and myriad therapeutic topics, all pitched in the kind of no-nonsense language that would make Dr. Phil proud. Coming as they did in advance of the sexual revolution of the 1960s, the books caused significant controversy and for many years were published by the notorious purveyor of all things blue, Lyle Stuart.

Some of the works today appear quaint, dated, or simply wrong-headed, such as "Homosexuality: Its Causes and Cures" (1965). But more of them seem like the first great blast of a sensible sex and life advice industry that Ellis was instrumental in founding. Despite his 1965 book title, he was an early supporter of gay rights, and where Kinsey wrote of sex, Ellis wrote also of love.

Source: New York Sun
Albert Eillis described himself as a "probabilistic atheist," which means that while he didn't absolutely exclude the possibility of some sort of god existing he regarded the probability as so low that it wasn't worth his attention — or anyone else's, for that matter. Because of his efforts to open the human mind to rational, scientific scrutiny and his defense of atheistic humanism, Ellis was named Humanist of the Year in 1971 by the American Humanist Association.
As Simple as A-B-C



Even though Albert Ellis was more of a therapist than a theorist, his interpretation of cognitive theory has gained a great deal of notability over the past twenty plus years. On the surface, his model is quite simple and often described as the A-B-C process.



According to Ellis, we experience Activating Events (A) everyday that prompt us to look at, interpret, or otherwise think about what is occurring. Our interpretation of these events result in specific Beliefs (B) about the event, the world and our role in the event. Once we develop this belief, we experience Emotional Consequences (E) based solely on our belief.







Lets look again at the scenario presented in the last chapter. We originally used the approach to demonstrate a typical humanistic exchange. Lets go back to the beginning and see how Ellis or other cognitive therapists might have done things differently. If you recall the solution in the previous chapter, you will notice that the means may be completely different, but the end is remarkably similar.



Therapist:
I'm very curious about what's going on with you. What do you see as your reason for your coming in to talk with me today?

Client:
Well, I see myself as a loser. I can't seem to accomplish anything and my husband says he wants a divorce because I just sit around all day doing nothing. I just don't see any way out of this whole mess.

Therapist:
What makes you see yourself as a loser?

Client:
I can't get anything done, my husband hates me, I'm lazy. I'm just a loser.

Therapist:
So you've accomplished nothing at all in, say, the last month.

Client:
Nothing.

Therapist:
Wow, that's really hard to believe. Why don't you rethink that answer and look at some of the things you have accomplished.

Client:
Like what?

Therapist:
Start with the basics. Today you showered, you ate breakfast, you got the kids ready for school.

Client:
So?

Therapist:
So that's a little more than nothing isn't it?

Client:
I guess. But I still feel like...

Therapist:
Hold on a second. Why are you negating the fact that you accomplished something today.

Client:
Because it's not enough for my husband.

Therapist:
This is about you though. Do you think you accomplished something today?

Client:
Yes.

Therapist:
How does it feel to know you are at least taking care of your basic needs and seeing that your children are getting their needs met.

Client:
I guess it feels good.

Therapist:
You guess?

Client:
No, it does, it could be a lot worse, I really could be doing nothing.

Therapist:
But you're doing something?

Client:
Yes, I'm not a total loser. Maybe I need to talk with my husband about this. He thinks I sit around all day and watch soaps. But I clean, cook his dinner, take care of the kids.

Therapist:
So perhaps the two of you need to find some middle ground

Client:
Exactly, I know I'm not perfect and maybe I could do more, but he needs to see what I do do rather than just what I don't. I think we are going to have a heart to heart talk tonight.
The Interview
Heery:
Good afternoon, Dr. Ellis. I'm Dr. Mrytle Heery. I'll be interviewing you for an audience of psychotherapists to learn about your rational emotive therapy and yourself.

Ellis:
Rational emotive behavior therapy (REBT)

Heery:
Okay, okay. Can you tell us a little bit about how this emerged as a behavior therapy?

Ellis:
I stupidly became a psychoanalyst and did psychoanalysis for six years, but I found that was even more passive.Yes. I was trained in Rogerian therapy but gave that up right away because it's so goddamned passive.

It gets nowhere very fast, and then I stupidly became a psychoanalyst and did psychoanalysis for six years, but I found that was even more passive. You listen for years and you go into every irrelevancy under the sun - your early childhood, which has almost nothing to do with your disturbance - and then you miss all the philosophic relevancies, your cognitions, your philosophy, what you think about things which are really important and make you disturbed.

So I abandoned that and investigated lots of therapies, about 200 at that time, and formulated rationally emotive behavior therapy as the best and I hope the briefest and most complete and most intensive of the lot.

Heery:
And over the years how have you seen this help people?

Ellis:
We have now with rational emotive behavior therapy and cognitive behavior therapy, which followed it 10 years later after I was the first to formulate and do it, we have over 2,000 studies which show the effect of this. And Rogerian therapy, psychoanalysis, and all but behavior therapy, have few successful studies. All the rest of the therapies also have relatively few successful outcome studies. We're the only one that has so many studies which tend to prove - not absolutely - the effectiveness of REBT.

Heery:
When you say not absolutely, could you clarify that for us?

Ellis:
Well, you could never prove any hypothesis absolutely. You can show that it works so far and seems to work better than other hypotheses, but you can't prove that it will work forever in the future. Even the law of gravity might be abolished in the future, so we don't know.
Ellis Sings an Irrational Song

Heery:
I also have heard you use a sense of humor when you're describing your work and how you relate to life. Can you talk a little about humor and the use of that in your therapy?

Ellis:
See Yes, that's very important because people disturb themselves. They don't get disturbed; that's psychoanalytic nonsense. They disturb themselves largely by what they tell themselves, and they first take adversities, hassles, problems and the like seriously, which is good, but then they take themselves too seriously and lose their sense of humor. So we have many cognitive, thinking techniques, many experiential emotive, feeling techniques, many behavioral techniques, but one of the ones that overlap is humor because it's a thinking technique.

It interrupts your nutty thinking, and it's a feeling technique and it's also behavioral. It pushes you on. So we give all our clients my famous group of rational humorous songs that rip up anxiety and depression and horror humorously, and they sing them to themselves when they're upset. Then they temporarily get un-upset but then they have the leeway to think about what they did to upset themselves and to undo what they did to make themselves upset.
Heery:
Could you give us one of these humorous songs?
Ellis:
Well, it you would have let me know beforehand - I only remember a few of my own songs, but I'll see if I can do one and remember it.

Heery:
Okay, go for it.

Ellis:
This is to the tune of Yankee Doodle: Love me, love me, only me or I will die without you. Make your love a guarantee so I can never doubt you. Love me, love me, totally, really try, really try. For if you demand love, too, I'll hate you 'till I die, dear. And it goes on.

Heery:
Do you sing this to yourself regularly?
Ellis:
Shame is always wrong because shame means I did the wrong thing, which may be correct, but I'm no damned good as a human for doing it, which is totally incorrect.No, but many of my clients do. We also, in Rational Emotive Behavior Therapy, have my famous shame attacking exercises. We get people togo out in public and do ridiculous, stupid, foolish things and not feel ashamed.
Shame is always wrong because shame means I did the wrong thing, which may be correct, but I'm no damned good as a human for doing it, which is totally incorrect. And six billion out of six billion people believe that nonsense that they can rate themselves, their being, their essence by what they do, and they can't, it's impossible. But they all do it. Why? Because they're out of their goddamed heads, and they're born that way.
Heery:
Are they really?

Ellis:
As I often say, if the Martians ever get down here and they're sane, they'll die laughing.And they're raised by their parents and culture to say you're a good boy when you can't be a good boy or a bad girl when you can't be. Becauseyou always would have to do good or bad things and be damnable for doing them and doing them in the future. So as Alfred Korzybski, the head of General Semantics, says, the "is" of identity, I am what I do, is utter bullshit of the worst order. And all humans, every single one, believe it to some degree, which just shows how crazy the human race is. As I often say, if the Martians ever get down here and they're sane, they'll die laughing.

Heery:
They will, huh?

Ellis:
Yeah.

Heery:
Do you mind if I call you Albert?
Ellis:
No, that's quite okay.

Heery:
Listen, Albert, I want to know how you apply this to yourself personally? How has it worked in your own life?

Early Attempts at Dating and the Genesis of REBT

Ellis:
See "A Brief Sketch of Albert Ellis" for a quick look at his background, accomplishments, and motivations.Well, I originated it because at the age of 19 when I read in philosophy, which was my hobby, that if you did what you're afraid of doing, then you got over your phobia about it. And it was your idea that you constructed that failing is horrible and being rejected is horrible, which was making you upset. It wasn't the business of failing or of being rejected.
I had a public speaking phobia, and I read in John B. Watson, the early behaviorist, that if you took a feared animal like a rabbit or a mouse, andput it at one end of the table and a little kid at the other end, the kid was terrified.
He and his assistants gradually moved it closer and the kid got unterrified and started petting the animal after a short while. So I said shit, if it's good enough for little kiddies, it's good enough for me. So I made myself uncomfortably speak and speak and speak in public instead of phobically avoiding it, and completely got over my public speaking phobia in seven weeks.
So what's more important was women. I was scared shitless of approaching women. I flirted with them in Bronx Botanical Garden near my home, but I never approached them, made up all kinds of excuses.

So I gave myself a brilliant homework assignment at the age of 19 when I was off from college, to go to Bronx Botanical Garden every day that month, and whenever I saw a woman sitting alone on a park bench, I would sit immediately next to her - not in her lap - which I wouldn't dare do before, and give myself one lousy minute to talk to her. If I die, I die, screw it so I die. And I did that. I found 130 women sitting alone that month on the park bench. I sat next to all of them, whereupon 30 got up and walked away, but that left me an even sample of 100 good for research purposes. I spoke to the whole hundred for the first time in my life about the birds and the bees, the flowers, their reading.
And if Fred Skinner, who was then teaching at Indiana University, had known about my exploits, he would have thought I would have got extinguished, because of the hundred women I made one date and she didn't show up. But I prepared myself philosophically even then - it was before cognitive therapy really - by seeing that nobody took out a stiletto and cut my balls off, nobody vomited and ran away, nobody called the cops. I had a hundred pleasant conversations and the second hundred I got good at and made a few dates. So I used what I later developed into rational emotive behavior therapy on myself by thinking philosophically differently, that nothing is awful, terrible, it's just a pain in the ass, that's all it is.
And that there's no horror in being rejected. I forced myself uncomfortably to do what I was afraid of, the opposite of what phobics do, because whenever they're afraid of innocent things like elevators, they beat it the hell out and then never get over their fear. They increase their phobias, as I at first did. So in rational emotive behavior therapy I combine thinking and philosophy for the first time with feeling, emotion, and also and with behavior therapy, which I got from John B. Watson, Fred Skinner and others. So it's one of the very few therapies that is multi-modal in Arnold Lazarus' sense, and it includes thinking, feeling and behavior, and has about 20 or 30 techniques under each heading; it has lots of evidence in favor of it. That doesn't mean it's completely true and will work for anybody.
Ellis in the Here and Now Moment
[top]
Heery:
It sounds like it's helped you both personally and professionally. It's been a great success professionally and it helped you in interviewing the women in the park. I'm a little interested in how it's helping you right now between the two of us.
Ellis:
...if you don't like me, I don't like that - I'd like you to like me, but if you don't who really cares?Well, between the two of us it's helping me because if I screw up, fuck it,so I screw up. It's too bad that I did the bad thing, screw up, but I'm not a worm, I'm not a louse, I give myself what we call USA - unconditional self-acceptance, just because I'm alive and human, for no other reason. So therefore, if you don't like me, I don't like that - I'd like you to like me, but if you don't who really cares? What's going to happen to me - very little!
Heery:
That's a very interesting question. I'm glad you brought it up. Who does care? Do you care about yourself and what's going to happen to you?
Ellis:
I don't love myself but I care unconditionally about myself. To love yourself, when you love anything you love because you like certain aspects of it. You love a man or you love a woman because they're bright, they're beautiful, etc. But that changes. That's not unconditional, that's conditional love.
The greatest sickness known to man or woman is called self-esteem. If you have self-esteem, then you're sick, sick, sick, because you say: I'm okay because I do well and because people love me, so when I do poorly, which I'm a fallible human and will, and people hate me because they may jealously hate me or they just don't like me, then back to shithood I go.
I worry, worry, worry about doing well and winning other people's approval, and I worry, worry, worry about the future even if I do well in the present. So that's the worst sickness - self-esteem - ever known to man or woman because it's always conditional. And unconditional self-acceptance means: I'm okay just because I'm me, just because I'm alive and human, so I'd better only rate what I do for my goals and purposes. I like to do well and be loved, etc., because it gets me goodies, but I never rate my person or myself. That's asinine, and all humans do it. Not equally, some are in the mental hospitals, and all therapists do it because they're about as crazy as other humans and they often endorse self-esteem.
Heery:
Tell me something just between the two of us right now. How's it going for you?
Ellis:
Fine. Besides, I don't give too much of a shit, again, how it goes. I keep focusing on what I'm doing and what I'm saying, and not on how I'm being rated by you or anybody else for doing it. So it always goes well.
Why Does Albert Ellis Swear So Much?
[top]
Heery:
I notice quite often you use the words "shit" and "fuck" and this kind of language. Is that okay with you? Is that some part of your vernacular?
Ellis:
They always use it to themselves, but not in public, so in 1950 I was the first psychologist probably to say "shit" and "fuck" at the American Psychological Association Convention.Well, even when I was a nutty psychoanalyst I realized that people were afraid to use it. They always use it to themselves, but not in public, so in 1950 I was the first psychologist probably to say "shit" and "fuck" at the American Psychological Association Convention. It's not just part of rational emotive behavior therapy - people think it is - but it's part of my believing that I will be myself and use my language in public, and if people don't like it they don't like it. Too damned bad, but it's not awful and horrible.
Heery:
It sounds as if you're really absolutely in touch with what Albert Ellis wants to do and that's it.
Ellis:
Don't use "absolutely." That's a human sickness. There are no absolutes. So I'm definitely what is called myself. I do what I like and I do what I dislike, but I never get into trouble. I'm a long-range hedonist, which we teach, rather than a short-range one. The short-range hedonists smoke and drink and overeat and get into trouble for the pleasure of the moment. So I look at the moment as many philosophers have done years ago, as well as the future. So I'm a long-range hedonist and go after what I want. But if I don't get it, that's too bad. It's never awful. Nothing is awful or horrible in the universe. Do you know why?
Heery:
I'd like to question you on that, because I do think murder is a little bit horrible, don't you? Or not?

Ellis:
Not even genocide.
Heery:
That's not horrible, genocide is n ot?
Ellis:
Nothing is horrible because "horrible" means that people don't think when they use these words.
Heery:
So it's a language problem?
Ellis:
Partly. Korzybski, the head of General Semantics, points out that "horrible" means it's very bad, and let's agree that murder and rape and incest and terrorism and war are very bad.
Heery:
Do you actually agree to that? Do you actually agree to that, that that's very bad?
Ellis:
Yes, but horrible, awful and terrible means it's so bad that it should not exist, and whatever exists, exists.
Heery:
That seems to be a very existential point, don't you think?
Ellis:
That's right.
Heery:
Tell me something. How is this related to existential philosophy? Or is it related to existential philosophy?
Ellis:
Oh, yes. In using REBT, we are humanists and partly even post-modernists, but we're largely existential, following its philosophy -- some of what I told you before, I got from Paul Tillich, who wrote "The Courage to Be."
Heery:
I know this book well.
Ellis:
...some of the existential therapists are soft-headed and think if you just have nice existential discussions with people, they get better.You can be yourself whether or not you do well, whether or not people love you. So we're existentialists but at the same time we're realists, and some of the existential therapists are soft-headed and think if you just have nice existential discussions with people, they get better.They practically never do; they get more confused. So we teach them what they're doing, that what they're telling themselves will often do them in. Very often that's what existential therapists tell their clients, they would be done in, and then we show them existentially two main things. One I just said, USA, unconditional self-acceptance, no matter what, no conditions. And unconditional other acceptance. You accept all humans because they're human. You don't like what they do and you stay away from some of them and you put some of them in jail if they act immorally, but still fully accept them as persons.
Heery:
Let's look at that for just a moment. Let's say I do murder someone and I go to jail and I do your USA inside myself as a murderer. Is that okay?
Ellis:
No, no, no, you would say: I did the wrong thing.
Heery:
I would say that? Many murderers don't say that.
Ellis:
Because you live in a social group and murder is wrong, and that will get you into jail, trouble. So you follow the rules generally of the social group that you live in. So again you'd say: I made a mistake, I preferably should not have murdered that person, it was wrong, but I absolutely did it, too bad. I am not a worm or a louse or a loser, I'm a fallible, screwed-up human who made a mistake this time. Now let me learn from it and next time I'll make fewer mistakes. Not none, because I'll never be perfect, but I'll always say that if other people do me in, treat me unjustly, unfairly, that is bad by my standards. I want to be treated justly and they've treated me unjustly, so that's against my goals and purposes.
But they are never bad people. Hitler, Stalin, Genghis Khan are never bad people and if you condemn them you're going to condemn yourself, when you do bad. So that's an existentialist position, which few people have.
Paul Tillich, Spirits and Santa Claus
[top]
Heery:
I'm beginning to understand a connection here between the existential thought and your thought, but I'm also beginning to see a pretty major difference which has to do with the concept of the spirit, of the soul. How does that intertwine with what you're saying?
Ellis:
Obviously there are no fairies, no Santa Clauses, no spirits.Spirit and soul is horseshit of the worst sort. Obviously there are no fairies, no Santa Clauses, no spirits. What there is, is human goals and purposes as noted by sane existentialists. But a lot of transcendentalists are utter screwballs.
Heery:
What about Paul Tillich?
Ellis:
...a lot of transcendentalists are utter screwballs.Oh, yeah, Paul Tillich was an existentialist, but I think he was really an atheist who didn't have the guts to say that, because he was a minister -
Heery:
Right, he was a minister. He was a minister, so I'm wondering how you ally with that.
Ellis:
We'll never know about Tillich-
Heery:
I'm wondering how you ally with that.
Ellis:
I ally with that because I accept that I do stupid, wrong things very frequently because I'm a fallible human and fallible humans do. And that's bad, it's not good, it's not neutral, it's bad. But I, a human, am too complex to rate. You can only rate what he or she does. So therefore I say I did badly and again I hope to change it next time especially as I live in a social group and choose to live in that group amicably.
Heery:
That's a very good point. Let's stop there for a minute, because you do live in a social group, and one of the feelings I have even as you talk is kind of like: I'm going to do what I do, the goddamned hell it impacts you; screw you, lady, or screw whoever it is, I'm just going to do what I'm going to do.
Ellis:
No, but I think whatever I think, however bizarre or unprofessional or unlikely it is....
Heery:
So it's not the doing-
Ellis:
I'm going to live by certain social rules and personal rules, but the social rules are okay and, as I said before, if you go against the social rules, then you get into trouble.
Heery:
For instance yourself saying "fuck" whenever and wherever you want to say "fuck," I mean, there is a general social rule not to just say "fuck" anywhere.
Ellis:
If they really would take arrows and bows and try to kill me, then I'd stop saying it.Some people don't like me but they still haven't cut my balls off for saying "fuck," so they don't do much about it. If they really would take arrows and bows and try to kill me, then I'd stop saying it.
Heery:
Oh, would you?
Ellis:
Yeah. It wouldn't work, because, again, we're very practical in Rational Emotive Behavior Therapy.
Heery:
This is important, the practicality of this therapy?
Ellis:
The things we say to ourselves create our feelings and behaviors. People have rational beliefs, preferences - I like this and hate that, and irrational beliefs - demands, commands, shoulds, oughts and musts, as Karen Horney said years ago. So we help them to change the irrational beliefs into preferences, into rational beliefs. But one of the ways of doing that, we have many ways - cognitive, emotive and behavioral - is to show them that the irrational beliefs don't work. They're pragmatically impossible.
Heery:
Let me ask you this. Do you have a belief that inside the individual, behind the thought patterns, that they actually know what's best for themselves?
Ellis:
No. They would have to be perfect. Who would know? Nobody certainly knows. They think they know what's best for themselves.
Heery:
So you know what's best for them, would you say?
Ellis:
No, and very often what they think works. If it didn't work they would be here as clients, so very often it works. But we show them that they think and feel many things that screw them up. For example, the one I just said before. Whenever you take any wish, preference, goal, which is fine - whatever you like, you like; whatever you dislike, you dislike - and you make it as if it were a universal command - because I like it, it must be, I must get it; because I dislike it, it shouldn't exist - then that's not only against reality, it's even against social reality. It won't work, so it gets you into trouble, so therefore we show you that you make yourself upset.
You don't get upset, you make yourself upset by taking your perfectly rational preferences - I like this and I dislike that - and making them into arrogant, grandiose, perfectionist demands. Now, all humans do that and some do it much more, such as those with severe personality disorders, but they all tend to do it. Why do they do it? Because they're out of their minds, they're crazy. Read Korzybski, who was a scientist and an engineer. It's largely our language but really it's our thoughts behind it.
"Therapists are Crazy!"
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Heery:
What I'm curious about is it seems as if you're coming at the person quite a bit with a technique, an idea that you're going to impose on this person.
Ellis:
That's because you're probably a therapist and therapists are often pretty crazy. They think...
That's because you're probably a therapist and therapists are often pretty crazy.
Heery:
You think I'm crazy?
Ellis:
Well, therapists often are. I don't know if...
Heery:
If I'm a therapist and you think therapists are crazy, let's just break it here...
Ellis:
Because they're often fucking babies who need...
Heery:
Am I a fucking baby?
Ellis:
...the love and approval, among other things, of their clients.
Heery:
Oh, I see. Do you think I need that?
Ellis:
I don't know. I don't know you at all.
Heery:
We're getting closer to the fact that I'm a therapist and maybe that might be something I need.

Ellis:
But therapists generally try to quiet clients down and help them feel better, and they do that mainly by loving them, caring for them, showing them that they're okay, encouraging them, etc. But they don't basically help them to get better, because getting better means first acknowledging one's symptoms.

Second, showing what's behind the symptoms, the philosophy, the thought and the feeling that's behind the symptoms.

Thirdly, minimizing the symptoms. Fourthly, minimizing related anxieties and depression. But, fifthly, especially, getting clients to the point where they change their basic philosophy of musts, shoulds, oughts, demands, so they stop upsetting themselves theoretically about anything, and the world could literally come to an end and they'd say: Too damned bad. Now how do I enjoy the last few minutes? Why whine and scream because it's coming to an end and I don't like that?

Heery:
That's an important point. I'd really like to look at that with you. Is coming to the end, coming to the end of your own life - because you're aging, you're growing older...


Ellis:
I'm 86.

Heery:
And how is this therapy, how are you using it to help you as you're aging?

Ellis:
Well, I have a couple of papers on that. I'm also diabetic, have been diabetic for 46 years. That again is unfortunate. I don't like it, it's a pain in the ass, but it's not horrible, it's not awful, it's too bad that that's the way it is, so I adjust to it and live with it. I don't like my aging process, I certainly don't like my diabetes, I have several other minor ailments, not serious but I don't like them. But I live as happily as I can live with these ailments, and therefore I don't worry about them. I could drop dead tomorrow.

Heery:
Now, that issue, death. There is death, so how do you bring that into the picture for yourself.
Ellis:
Death is exactly the same state you were in before you were conceived. Do you remember that, before you were conceived?
Heery:
Some people say they remember it. I don't remember it in the moment.
Ellis:
They're crazy, they're neurotic.
Heery:
They're neurotic, those people, all those people who remember what happened?
Ellis:
And therapists help them be neurotic to remember that crap.
Heery:
That's crap, okay...
Ellis:
So do you really remember the state before you were conceived? Do you?
Heery:
Do I personally right this very minute? Not right this very minute, no.
Ellis:
The answer is you're being dishonest. You know, and if you don't remember...
Heery:
Well, I'm dishonest, and this very minute I don't remember. That's my honest answer in this minute.
Ellis:
No, you don't remember, but everybody I ask says they don't remember the state they were in before they were conceived. I've heard it thousands of times. So I say that's exactly in all probability the state you're going to be in after you're dead. Dead as a duck. You're not going to feel anything, you're not going to be in pain or anything. Now why be afraid of that?
Heery:
Are you afraid of it?
Ellis:
Of course not.
Heery:
It's just going to happen, right?
Ellis:
So it's going to happen. Tough shit.
Heery:
We don't know when, we might as well enjoy being here while we can.
Ellis:
If I worried about death I wouldn't enjoy being here. I'd worry, worry, worry, oh, I'm going to die. So humans are all FBs, fucking babies, who...
Heery:
Well, you're one of those people.
Ellis:
...who, they live for a certain while and make up gods, devils, Santa Clauses, and an afterlife, which is utter shit of the worst sort. Even the Buddhists make up an afterlife and they're pretty good as religions go. And they're afraid to die, die, die, when they're going to anyway.
...they live for a certain while and make up gods, devils, Santa Clauses, and an afterlife, which is utter shit of the worst sort. Even the Buddhists make up an afterlife and they're pretty good as religions go. And they're afraid to die, die, die, when they're going to anyway.
Heery:
You said a minute ago that humans are fucking babies. You're one of those humans. Are you a fucking baby?
Ellis:
Well, actually I overgeneralized. They're babies who act fuckingly much of the time, but no overgeneralization. If you overgeneralize as humans always do, then you label and labeling is not great. But people act as fucking babies much of the time all their lives, and I show them how to grow up, be themselves and not give too much of a shit for what other people think of them. But at the same time to give UOA, to give unconditional other acceptance to all humans just because they're human, period.
Heery:
That's an important point.
"Silence is a Bore..."
[top]
(Several seconds of silence)
Heery:
How are you doing at this moment? I saw you just take a quick breath. How are you?
Ellis:
I'm fine.
Heery:
Good. You talk a lot.
Ellis:
Oddly enough I had a phobia for public speaking. When I was young, I never spoke in public. But when I forced myself uncomfortably to speak, speak, speak and got over my phobia, I found out that I have an innate talent for talking, which I never knew because I was so phobic about speaking.
Heery:
Do you spend any time in silence?
Ellis:
Silence would be the most boring thing I ever thought of. I spend time thinking, if you call that in silence, but I don't meditate or anything like that. That's a waste of time except that it's cognitive distraction and temporarily gets people not to worry, but it doesn't show them the basic philosophy behind worrying. So a lot of meditation is just useless. But temporarily in REBT we teach people how to do it.
Heery:
Could you clarify that? I'm not sure what it is you're teaching them.
Ellis:
We teach them various methods, whichever they want to use, of yoga, meditation, Jacobson's relaxation techniques. But we tell them that relaxation doesn't change your basic outlook. It just distracts you from telling yourself how horrible the world is and that you're no good. Then you go back to masturbatory self-talk.
Heery:
So you do incorporate meditation in your work?
Ellis:
We have lots of cognitive and emotive and behavioral techniques including that. But if you do meditation to extremes, an hour or two a day, then you just piss away a lot of your life. So you can meditate for 20 minutes while you're anxious and that will temporarily allay the anxiety since it's cognitive distraction. Then you go on to dispute your anxiety creating thoughts. Most of the people use meditation to stop their thinking and then they never rethink. So it does much more harm than good in some instances.
Heery:
So you yourself never meditate?
Ellis:
It's a fucking waste of time. Why should I meditate? I'm not anxious.
It's a fucking waste of time. Why should I meditate? I'm not anxious.
Heery:
What is the most important use of your time?
Ellis:
The important use of my time? There are many things. I love my work, I love my writing. I've written over 60 books. I love going around the world spreading the gospel according to St. Albert to the heathens of this world, and I just enjoy living. I love my relationship. I've lived in sin with a woman for 36 years, so I enjoy that, friendships, etc. I have a fucking ball.
(Several seconds of silence)
Ellis:
Anything else?
Heery:
I was just enjoying the silence for a moment with you.
Ellis:
I think silence is a bore.
Heery:
You're bored right now?
Ellis:
It lets you think, doesn't it?
Heery:
I'm feeling pretty comfortable with the silence. Are you?
Ellis:
If you like it, like it.
(Short silence)
Love, Albert Ellis Style
[top]
Heery:
You've brought up an important word here, which is love, and not just the object of sex and intercourse but the emotion of love. How does love fit in with your therapy and this whole idea of...
Ellis:
Well, my original research was on love. I wrote my Ph.D. thesis on love but Columbia University thought it was too sexy so they made me write another thesis. But love consists of attachment, emotional attachment, caring for another person. Now, most of it, as I said before, is conditional. Unfortunately you love because the person has a good nose, good eyes, or good intelligence, so a great deal of it is conditional. And you don't wholly love, you don't love forever.
Also if you're a normal human you love other people than the one beloved that you're mated to. And of course you love your children, we assume. So love means that you get attached and care for and you like the other person to be caring for you. But you'd better not deify and obsess about it, as the movies show you're supposed to do, to think of only one person for the next 50 years. That's nonsense of the worst sort.
Heery:
It sounds as though you're trying to move the emotion of love right through the brain and have some control over this emotion.
Ellis:
You're saying this because you have a bigoted point of view which I can't go into now. So you're seeing me, what I say, this whole interview in your semi-mystical notion, so please don't say what I'm trying to do. You're trying to do that, but we're not here to argue the point.
Heery:
I'm sorry, I didn't realize I was trying to do that. It's a good thing you pointed that out.
Ellis:
You'd better realize it. It would be nice, if not necessary, if you could do it for the rest of your life. Because you're obviously very, very biased against what I call sanity, rationality, etc., and you stupidly think --I think it's stupid -- that it's different from feeling and behavior. As I said in 1956 in my first paper on REBT at the American Psychological Association in Chicago, when you think you also feel and behave. When you feel you also think and behave, and when you behave you also think and feel. They're all integrated, and I used the word holistic and said that thinking, feeling, and behaving were holistically integrated. You can't separate them and you're trying to get me into some box where you're separating feeling and thinking
Heery:
I'm glad we clarified that because this is for the public to hear. There is no separation, it is a holistic that you're speaking of?
Ellis:
It is difficult to give up your demands, commands, shoulds, oughts, and keep your preferences. People are allergic to doing that.Yes, and therefore it would be better if therapists used many rational techniques, very, very forcefully and vigorously; many emotionally evocative experiential techniques, also forcefully, and many behavioral techniques to help people to PYA - push your ass - until they change, keep changing, and stay changing. Because changing is partly biologically against the human condition. It is difficult to give up your demands, commands, shoulds, oughts, and keep your preferences. People are allergic to doing that. When they really desire something strongly, they often make it a must. They do it because that's their nature to do it and they also learn to do it.
Heery:
I think we've clarified some very, very important points and it's been wonderful for me personally to listen to you. I appreciate your clarification of your ideas and views. I hope that's come across to you.
Ellis:
I enjoyed the interview despite certain differences we have.
Heery:
That's good because we got a little bit clarified through the differences, and I enjoyed meeting you and spending some time with you. I appreciate your giving your time to us today.
Ellis:
Thank you.
Heery:
Thank you very much.

Copyright © 2001 Psychotherapy.net. All rights reserved. Published August 2000.
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comments@psychotherapy.net or submit them in our Guestbook.About Albert Ellis, PhD
"There is virtually nothing in which I delight more," says Albert Ellis, "than throwing myself into a good and difficult problem." His self-assurance -- some would even say arrogance -- enables him to confront his clients about their beliefs and tell them what is rational and what isn't.
Albert Ellis was born in Pittsburgh in 1913 and raised in New York City. He made the best of a difficult childhood by using his head and becoming, in his words, "a stubborn and pronounced problem-solver."

A serious kidney disorder turned his attention from sports to books, and the strife in his family (his parents were divorced when he was 12) led him to work at understanding others. Ellis made it through college in 1934 with a degree in business administration from the City University of New York. His first venture in the business world was a pants-matching business he started with his brother. In 1938, he became the personnel manager for a gift and novelty firm.

Ellis devoted most of his spare time to writing short stories, plays, novels, comic poetry, essays and nonfiction books. By the time he was 28, he had finished almost two dozen full-length manuscripts, but had not been able to get them published.

In 1942 he returned to school, entering the clinical-psychology program at Columbia. He started a part-time private practice in family and sex counseling soon after he received his master's degree in 1943. At the time Columbia awarded him a doctorate in 1947 Ellis had come to believe that psychoanalysis was the deepest and most effective form of therapy. He decided to undertake a training analysis, and "become an outstanding psychoanalyst the next few years."

The psychoanalytic institutes refused to take trainees without M.D.s, but he found an analyst with the Karen Horney group who agreed to work with him. Ellis completed a full analysis and began to practice classical psychoanalysis under his teacher's direction.

In the late 1940s he taught at Rutgers and New York University, and was the senior clinical psychologist at the Northern New Jersey Mental Hygiene Clinic. He also became the chief psychologist at the New Jersey Diagnostic Center and then at the New Jersey Department of Institutions and Agencies.

But Ellis' faith in psychoanalysis was rapidly crumbling. He discovered that when he saw clients only once a week or even every other week, they progressed as well as when he saw them daily. He took a more active role, interjecting advice and direct interpretations as he did when he was counseling people with family or sex problems. His clients seemed to improve more quickly than when he used passive psychoanalytic procedures.

And remembering that before he underwent analysis, he had worked through many of his own problems by reading and practicing the philosophies or Epictetus, Marcus Aurelius, Spinoza and Bertrand Russell, he began to teach his clients the principles that had worked for him.
By 1955 Ellis had given up psychoanalysis entirely, and instead was concentrating on changing people's behavior by confronting them with their irrational beliefs and persuading them to adopt rational ones. This role was more to Ellis' taste, for he could be more honest himself. "When I became rational-emotive," he said, "my own personality processes really began to vibrate."
He published his first book on REBT,

How to Live with a Neurotic, in 1957. Two years later he organized the Institute for Rational Living, where he held workshops to teach his principles to other therapists.

The Art and Science of Love, his first really successful book, appeared in 1960, and he has now published 54 books and over 600 articles on REBT, sex and marriage. He is currently the President of the Institute for Rational-Emotive Therapy in New York, which offers a full-time training program, and operates a large psychological clinic.

"I love my work and work at my loving," Ellis says. "That is the secret of my present unusually happy state."

Note: Much of the above was excerpted with permission from the Albert Ellis Institute website.
About the Interviewer:

Myrtle Heery, PhD, MFT
Myrtle Heery, Ph.D., M.F.T. has a private psychotherapy practice in Petaluma, California, and is the director of the International Institute for Humanistic Studies (www.human-studies.com). She conducts training for psychotherapists in the United States and internationally, and publishes in existential-humanistic and transpersonal psychology. In addition, she and her husband are learning more about life from their teenage son.