TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL: DESENVOLVIMENTOHISTÓRICO, TENDENCIAS ATUAIS.RONDINA,
Regina de CássiaProfa.
RESUMO
Este artigo apresenta uma revisão da literatura sobre as terapias cognitivo- comportamentais (TCCs),destacando alguns dos diferentes modelos teóricos nessa abordagem. A literatura mostra que atualmente, háduas tendências diferentes: as terapias cognitivo - objetivistas e a perspectiva construtivista.
A diferença central entre os dois modelos reside no papel atribuído às emoções, nos transtornos psicológicos.Palavras – chave: cognitivo comportamental, terapiasABSTRACTCOGNITIVE BEHAVIORAL THERAPY:HISTORIC DEVELOPMENT, ATUAL TENDENCES
INTRODUÇÃO:Atualmente, é possível notar um progresso acelerado no conhecimentocientífico,referenteaestratégiasterapêuticasparatratamentodequadrospsicopatológicos como transtornos de ansiedade, transtornos de humor, transtornospsicóticos, transtornos alimentares, transtornos relacionados à dependência química,entre outros. È visível uma atuação cada vez mais articulada entre profissionais da áreade saúde, em programas de tratamento interdisciplinares.
Há um volume crescente depublicações científicas na área de saúde como um todo, demonstrando a eficácia dasterapias cognitivo - comportamentais (TCCs) no tratamento de transtornos psicológicosem geral (CABALLO, 2003; KNAPP, 2004).
O âmbito de atuação das TCCs vêm se expandindo de forma notável nasúltimas décadas. É interessante notar, contudo, que a literatura especializada noassunto apresenta um conjunto de modelos teóricos diferenciados, que podem serconsideradas como“terapias em abordagemcognitivo - comportamental”.
Assim sendo, o presente trabalho tem como finalidade básica, apresentar uma breve discussãosobre o surgimento das terapias cognitivo comportamentais (TCCs), destacandoalguns dos principais modelos teóricos que se enquadram nessa abordagem, bemcomo perspectivas recentes em torno do assunto.
2. DESENVOLVIMENTOO surgimento e expansão das TCCs resultou da evolução de um conjuntode influências de natureza diversa. A maioria dos especialistas no assunto sugereque a chamada “revolução cognitiva”, ocorrida aproximadamente na década de 60,foi decorrente de acontecimentos variados.
A literatura sugere que fatores como ainsatisfação com o modelo psicodinâmico (predominante até então, no tratamento de psicopatologias);
a influências das descobertas da psicologia cognitiva aplicada, ainsuficiência dosmodelos comportamentaistradicionaisnão-mediacionais empsicoterapia para tratamento de determinados quadros psicopatológicos, acontribuição dos trabalhos de Vygotsky, Bandura, entre outros aspectos diversos,resultaram no aparecimento de um novo zeitgst, ou “quarta força” em psicoterapia,com o conseqüente aparecimento dos modelos integrados em abordagem cognitivo-comportamental (DOBSON, 2006; DOBSON e SCHERRER; BORBA, 2005).
A chamada “revolução cognitiva em Psicologia” foi iniciada, principalmente, atravésdos trabalhos publicados por autores como Aaron Beck, Michael Mahoney e AlbertEllis (ROSO E ABREU, 2003)Nas décadas seguintes, gradativamente foram se desenvolvendo modelosteóricos diferenciados, dentro desse enfoque.
A literatura sugere que o que hoje seentende por “terapias em abordagem cognitivo-comportamental” (TCCs) representaumamplo espectro,compostopor dezenas de tipos de terapias diferentes(DOBSON E SCHERRER; BORBA, 2005).
As duas modalidades mais influentesnas últimas décadas são a Terapia Cognitiva (TC), formulada por Aaron Beck e aTerapia Racional – Emotivo - Comportamental (TREC), formulada por Albert Ellis(DOBSON E SCHERRER, 2004).
Embora pautadas em princípios epistemológicos diferenciados, énecessário ressaltar que todas as TCCs apresentam um conjunto depressupostosem comum: a atividade cognitiva influencia o comportamento; a atividadecognitiva pode ser monitorada e alterada; o comportamento desejado pode serinfluenciado via mudança cognitiva (DOBSON, 2006; DOBSON E SCHERRER,2004).
Assim sendo, só podem ser denominadas de TCCs, as terapias em que amediaçãocognitiva pode serdemonstrada;e consequentemente, quandoamediação da cognição é um componenteimportantedo plano de tratamento(DOBSON; 2006; DOBSON E SCHERRER, 2004 ; KNAPP, 2004).
Contudo, é importante notar que os diferentes modelos teóricos estão emcontínua transformação; são criados, reformulados e / ou ampliados, no decorrer doprocesso naturalde evolução histórica, em todas as áreasdo conhecimentocientifico.
Atualmente, a literatura revela que existem dois grandes eixos ouvertentes, dentro do amplo espectro do que se entende por “terapias em abordagemcognitivo-comportamental”: As terapias cognitivas “objetivistas” e as terapiascognitivo – construtivistas (ROSO E ABREU, 2003 )
As duas grandes vertentes sediferenciam entre si em diversos aspectos, tais como o papel atribuído àsemoções, o papel do terapeuta no processo psicoterápico, procedimentos e técnicaspsicoterapêuticas, a natureza da disfunção em psicopatologia, entre outros pontos.(ABREU E ROSO, 2003). Segundo a maioria dos autores, a principal diferença, ouo “divisor de águas” entre as psicoterapias objetivistas e construtivistas, reside nopapel atribuído às emoções.
O modelo cognitivista – objetivista pressupõe que asemoções decorrem de padrões de pensamentos, que por sua vez derivam da estruturade crenças do indivíduo. As emoções são indicadores da presença de pensamentos .
Desta forma, crençasmal - adaptativas ouirracionais resultam em emoçõesdisfuncionais, o que pode levar a quadros psicopatológicos.
De forma geral, oprocesso terapêutico, nessa perspectiva,tem como finalidade central corrigir asdistorções cognitivas e levar o paciente a interpretações mais realistas dos eventos(ABREU E ROSO, 2003).
Por outro lado, na perspectiva construtivista as emoções não sãoconsideradas irracionais ou racionais, mas adaptativas por natureza; as emoçõesrefletem como o indivíduo sente ou vivencia a situação.
Assim sendo, as terapiasconstrutivistas enfocam principalmente o processamento vivencial idiossincrático,utilizando as emoções como ponto de partida.
A meta da terapia consiste em encorajar a integração entre razão e emoção (ABREU E ROSO, 2003).
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A revisão da literatura sugere que ainda existe certa controvérsia emtorno do assunto.
Especialistas afirmam que ainda não existe umtaxonomiaadequada para os diferentes modelos de TCCs (DOBSON E SCHERRER, 2004). Amaioria dos autores considera que ainda são necessários mais estudos, no sentidode averiguar a eficácia de cada perspectiva no tratamento de quadros específicos,bem como a real compatibilidade entre os modelos construtivistas e objetivista(DOBSON e SCHERRER, 2004; ROSO e ABREU, 2003). Estudiosos propõem, porexemplo, a necessidade de pesquisas adicionais, para investigar a sobreposiçãoprocedural existente entre as diferentes TCCs até o presente momento (DOBSON ESCHERRER, 2004).
4. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS :
Abreu, C. N. ; Roso, M. Cognitivismo e Construtivismo. IN: Abreu, C.N.; Roso, M.(e col.). Psicoterapias cognitiva e construtivista – novas fronteiras da práticaclínica. Porto Alegre: Artmed, 2003.Borba, A. Disciplina Online de TCC: expansão das fronteiras da formação emTCCatravésda educaçãoonline. Rio deJaneiro,UFRJ. Dissertação deMestrado, 2005.Caballo,V. Manual para o tratamento cognitivo-comportamental dos transtornospsicológicos: transtornos de ansiedade, sexuais, afetivos e psicóticos.
São Paulo:Santos, 2003.Dobson, K.S. (e col) Manual deterapias cognitivo comportamentais. PortoAlegre: Artmed, 2006.Dobson, K.S.; Shcerrer, M. C.História e futurodas terapias cognitivo-comportamentais. IN: Knapp, P. (e col). Terapia Cognitivo Comportamental naPrática Psiquiátrica. Porto Alegre: Artmed, 2004. p. 42-57.Knapp, P. Princípios fundamentais da terapia cognitiva. In: Knapp, P. (e col).Terapia Cognitivo Comportamental na Prática Psiquiátrica. Porto Alegre:Artmed, 2004. p. 42-57.Roso, M.; Abreu, C.N. Introdução. IN: Abreu, C.N.; Roso, M. (ecol.).Psicoterapias cognitiva e construtivista – novas fronteiras da prática clínica.Porto Alegre: Artmed, 2003.
domingo, 21 de março de 2010
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